12 | A Voz de
Felicidade no trabalho e a importância da formação para responder aos desafios das organizações sociais na pandemia Covid-19 Ricardo Pocinho 1 e Liliana Marques 2 1
Presidente da ANGES – Professor ESECS.IPLEIRIA – Investigador CICS.NOVA.IPLeiria Psicóloga e Gestora de Formação ANGES – Doutoranda Universidad Salamanca
2
O
s conceitos de saúde mental e de bem-estar são preponderantes para o nosso desenvolvimento enquanto indivíduos e nos contextos onde o nosso desenvolvimento ocorre, nomeadamente nas relações interpessoais e no contexto laboral. Não obstante, estes conceitos ganham especial preponderância no contexto pandémico que vivemos. Sabe-se que o trabalho absorve grande parte da nossa vida adulta, constituindose como um dos principais determinantes da saúde e do bem-estar ou felicidade do indivíduo. Esta felicidade no contexto de trabalho torna-se benéfica, não só para os trabalhadores, mas também para as chefias e organizações (Warr, 2007). Desta forma, urge a importância de percebermos quais as variáveis que estão na origem do bem-estar e da tão ambicionada felicidade no trabalho, e de que forma é que estas variáveis se cruzam, se complementam e se influenciam. De facto, a ciência cruza-se, em várias situações da evolução da humanidade, com a premissa de que as crises exacerbam o que está, de alguma forma, “adormecido”, sendo esta ideia válida para o ser humano em si mesmo, mas também nos contextos onde se desenvolve e se relaciona com os outros. A evolução da pandemia do Covid-19 tem demonstrado ser uma das maiores crises alguma vez impostas ao ser humano, sendo talvez a maior com que nos deparamos neste século. Os avanços da ciência são ainda ineficazes para termos uma resposta que permita prever o futuro, e surge a incerteza relativamente ao tempo que esta irá durar. Não sabemos, também, o que dela
© freepik
ficará (física e psicologicamente) em cada um de nós, e tudo isto faz com que o cérebro humano esteja em constante estado de alerta, assoberbado com informações – nem sempre congruentes e, não raras vezes, inconstantes no seu conteúdo – e incertezas. Desta forma, torna-se por vezes extenuante a gestão dos desafios com os quais somos confrontados, não só a nível pessoal, mas tanto mais no contexto profissional, principalmente para aqueles cuja missão é cuidar do outro e transmitir-lhe a segurança e
estabilidade que nem sempre os próprios sentem. No fundo, o que esta crise pandémica nos trouxe foi, entre muitas outras coisas, o exacerbar de alguns problemas que já existiam e outros tantos que surgiram de novo, seja nas nossas vidas pessoais, seja no domínio profissional e relacional. Temos, desde os tempos que antecedem a pandemia, organizações sociais com poucos recursos (sejam eles financeiros, materiais, mas acima de tudo, humanos) e com