8 | Espaço ERPIS
Lar doce lar* Rui Ribeiro
Psicólogo clínico
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Quanto tempo do nosso tempo é preciso para dar atenção a um idoso? Uma fração de segundo num sorriso? Uma fração de segundo num olhar? Uns minutos de conversa? Uns minutos de passeio sereno? Façamos a soma de todo esse tempo. Para nós será uma pequena parte do dia, para ele será cada dia para a eternidade. Tão simples assim, acrescente pozinhos de atenção e paciência e o dia ficará mais doce. Estamos no tempo das grandes descobertas internas como seres Humanos. Maria João Franco Garcia
Numa situação de envelhecimento demográfico, com o aumento considerável da população idosa, o envelhecimento e a saúde são dois temas intrinsecamente relacionados, uma vez que o prolongamento da vida está associado a mais anos de dependência, incapacidades e agravamento de doenças crónicas. À perda dessas capacidades está associada a fragilidade, vulnerabilidade, institucionalização, problemas de mobilidade, risco aumentado de quedas, que acarretam cuidados de longa duração e, consequentemente, um agravamento dos custos. Por outro lado, diversas mudanças societárias provocaram uma reorganização da estrutura familiar, impedindo aos seus membros assegurar as funções que, tradicionalmente, lhe cabiam, nomeadamente, assegurar assistência aos idosos. Embora a população mundial esteja a envelhecer de uma forma global, há diferenças no ritmo de envelhecimento da população sendo mais rápido nos países em desenvolvimento. Hoje, quase duas em cada três pessoas com 60 ou mais anos vivem em países em desenvolvimento; em 2050, quase quatro em cada cinco vão viver no mundo em desenvolvimento. Por isso, é cada vez
mais necessário dar a máxima atenção a esta faixa etária. A pandemia trouxe para a praça pública um problema que muitos conheciam mas desvalorizavam, sobre os lares em Portugal e as suas deficientes condições (atenção que muitos países da União Europeia também não estão melhor). Mas confesso que a dimensão do problema me surpreendeu, sabia que tinham problemas, nunca pensei que fossem tantos. Mas vamos por partes, num país que tem cerca de 2500 estruturas residenciais dedicadas a acolher idosos, existirem também, 3500 lares em situação ilegal ou mesmo clandestina, é um problema colossal. São 35 mil pessoas a viver em estruturas ilegais aos olhos do Estado, às quais
“São 35 mil pessoas a viver em estruturas ilegais aos olhos do Estado, às quais nem as autoridades de saúde nem da segurança social têm acesso facilitado.”