36 | Entrevista
Alice Vieira “Que idade teria se não soubesse a idade que tenho?” por
Nunca quis ser escritora mas nunca soube como o evitar. O coração mandou-a, primeiro, ser jornalista, porém, destino ou vontade, amor mais forte ou razão, em 40 anos escreveu 80 livros para todas as idades. Muitas vidas extraordinárias inventadas com sonhos, risos e lágrimas, histórias com cheiro, pássaros verdes, ladrões e profetas, castelos, reis e tesouros, e até uma trisavó de pistola à cinta. Viveu o turbilhão de maio de 68 em Paris, apaixonou-se por um homem 23 anos mais velho e amou-o até ao fim, enfrentando velhos do Restelo e convenções sociais. E mesmo quando o destino lhe entregou sofrimento em forma de doença, enganou a morte certa que os médicos lhe traçaram. Como ela própria diz, “vai sempre em frente quando quer uma coisa”. E ela queria viver.
Carlos Saraiva
Alice Vieira, 76 anos, nasceu em Lisboa, licenciou-se em Filologia Romântica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e trabalhou como jornalista no Diário de Lisboa, Diário Popular e Diário de Notícias. Publicou o seu primeiro livro infanto-juvenil em 1979, “Rosa, minha irmã Rosa”, um sucesso editorial imediato. O último ainda não está escrito mas vem a caminho. É a biografia do Padre António Vieira. Em entrevista à revista Dignus, a escritora muitas vezes premiada fala da sua vida, das paixões que a preencheram, dos livros amáveis, dos alunos que ainda a surpreendem e da importância das histórias de vida e experiências dos mais velhos num mundo de velocidade digital.