Diálogos sobre a formação e graduação em gerontologia

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Dossier sobre Doenças Formação | 23

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Diálogos sobre a formação e graduação em gerontologia Henrique Salmazo da Silva1, Evany Bettine de Almeida2 1

Vice-Presidente, 2 Presidente, Associação Brasileira de Gerontologia (ABG)

Introdução Um dos eixos para a promoção do envelhecimento saudável é a educação na formação básica e no ensino superior, de modo que possa criar respostas sociais a médio e longo prazo. Isto porque o envelhecimento solicita um cabedal múltiplo de conhecimentos e o envolvimento da sociedade, profissionais investigadores; e a educação seria o eixo condutor que leva ao aperfeiçoamento do conhecimento técnico e das capacidades humanas no processo de cuidado (Cachioni, M. e Palma, 2006; Salmazo-Silva e Gutierrez, 2018; Salmazo-Silva, Silveira e Freitas, 2017), inspirando novas configurações nas leis, políticas públicas e cultura. Contudo, a

gerontologia como disciplina ainda é principiante na maioria dos currículos do ensino superior da área da saúde no nosso país, sendo um pouco mais estudada entre as categorias de profissionais enfermeiros e médicos (Carvalho e Hennington, 2015). Neste caso, surgem como questões: como é que os idosos são cuidados? De que forma sensibilizar a sociedade para a formação sobre o envelhecimento e, sobretudo, as categorias de profissionais que terão cada vez mais atendimentos virados para a velhice? Embora Metchinicoff tenha proposto o estudo sistematizado da gerontologia em 1903, conceituando-o como campo de estudos virado para o envelhecimento humano

e as suas variáveis biológicas, psicológicas e sociais (Neri, 2008), apenas após a 2.ª Guerra Mundial (década de 1940) a gerontologia passa a ser caracterizada como disciplina e objeto de interesse no meio académico, em especial pelo processo gradual de envelhecimento populacional que se instalou nos países europeus (Neri, 2008). Entende-se por disciplina um ramo da instrução ou educação; um departamento da aprendizagem ou conhecimento; ou de uma ciência ou arte no seu meio educacional. Nesse período, os modelos conceptuais passaram a exigir a integração de conhecimentos e a adoção de linguagem entre diferentes ramos do saber e, por essa razão, a Gerontologia surge como disciplina, com o seu caráter interdisciplinar (Alkema e Alley, 2006). No Brasil, desde a década de 1960, a gerontologia é um campo em ascensão e possui como desafio a sensibilização da sociedade, das universidades e do poder público para as questões do envelhecimento (Lopes,

“ (...)o envelhecimento solicita um cabedal múltiplo de conhecimentos e o envolvimento da sociedade, profissionais investigadores; e a educação seria o eixo condutor que leva ao aperfeiçoamento do conhecimento técnico e das capacidades humanas no processo de cuidado (...)”


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