10 | Espaço Associação de Farmácias de Portugal
O papel do farmacêutico durante a pandemia
Manuela Pacheco Presidente da Associação de Farmácias © freepik
de Portugal (AFP)
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“As farmácias assumiram-se, pois, por diversas vezes, como primeiro e último contacto dos cidadãos com um profissional de saúde, informando, aconselhando e esclarecendo a população sobre os cuidados e as medidas a adotar para mitigar a propagação do vírus.”
urante o período de pandemia que atualmente vivemos, as farmácias comunitárias têm estado linha da frente no combate à Covid-19, em estreita articulação com os centros hospitalares e as unidades de saúde. De facto, ao longo dos últimos meses, as farmácias comunitárias assumiram não só as suas naturais funções no que respeita à dispensa de medicamentos, prevenção da doença, promoção da saúde e aconselhamento farmacêutico, como também asseguraram a prestação de um conjunto de serviços excecionais. Recorde-se que, desde o início da pandemia, diversos centros de saúde encerraram temporariamente ou funcionaram exclusivamente dedicados à Covid-19, condicionando, assim, o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde primários em Portugal, dado o forte impacto na realização de consultas e exames médicos considerados não urgentes. As farmácias assumiram-se, pois, por diversas vezes, como primeiro e último contacto dos cidadãos com um profissional de saúde, informando, aconselhando e esclarecendo a população sobre os cuidados e as medidas a adotar para mitigar a propagação do vírus. Além disso, e porque os serviços de saúde do SNS têm estado focados no combate à pandemia, por todo o país as farmácias garantiram, a título excecional, a prestação de uma panóplia de outros serviços, por forma responder às necessidades em saúde dos cidadãos. Neste sentido, as farmácias realizaram a entrega de medicamentos ao domicílio, com o duplo propósito de garantir que todos aqueles que estivessem impossibilitados de se deslocar a uma farmácia tivessem acesso à medicação, bem como de contribuir para que a população cumprisse as indicações de confinamento da DGS. Por outro lado, ao longo deste período, as farmácias trabalharam ativamente para o descongestionamento do Serviço Nacional de Saúde, assegurando um acompanhamento mais próximo da saúde da população portuguesa, nomeadamente ao fornecer os serviços de dispensa de medicamentos hospitalares e de renovação da prescrição de receitas para doentes crónicos. Deste modo, as farmácias garantiram aos cidadãos um serviço de proximidade, mais cómodo e mais seguro, evitando que tivessem de se deslocar a hospitais ou a centros de saúde para obterem as receitas médicas ou os medicamentos hospitalares. O contexto particularmente difícil em que vivemos veio, por isso, sublinhar que só é possível garantir uma resposta eficaz às neces-
sidades de saúde da população portuguesa se os diversos agentes da saúde, incluindo as farmácias comunitárias, trabalharem em rede. E se as farmácias demonstraram estar à altura do desafio, assumindo novas responsabilidades e garantindo a realização de serviços excecionais, este é o momento para reforçar o papel de naturais parceiras do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Para o efeito, os serviços até agora prestados com caráter excecional – como a renovação da terapêutica para doentes crónicos e a dispensa de medicamentos hospitalares – deverão ser assumidos pelas farmácias comunitárias permanentemente. Trata-se de uma resposta integrada, de proximidade, que permite por um lado melhorar o acesso, a segurança e a comodidade dos utentes, e, por outro, contribuir para o descongestionamento dos cuidados de saúde primários e hospitalares. Também no que respeita à vacinação da gripe, as farmácias comunitárias poderão assumir novas funções, que permitam ao SNS canalizar os seus recursos para responder às solicitações do próximo inverno. Isto porque, se anteveem meses desafiantes, devido ao potencial aumento do número de casos de doentes com Covid-19 aliado à expectável afluência aos hospitais de casos de gripe sazonal e de problemas respiratórios. Neste sentido, as farmácias já demonstraram a sua disponibilidade para fazer a vacinação da gripe sazonal a cidadãos com mais de 65 anos, tornando o serviço mais simples e mais cómodo para a população, o que resultará numa maior adesão à vacinação. A capacidade de resposta das farmácias comunitárias durante a pandemia tem sido reconhecida pelos diversos agentes do setor e, sobretudo, pelos utentes que, de acordo com os resultados do estudo “A farmácia comunitária em tempos de Covid-19”, realizado pela Spirituc, no passado mês de maio, consideram que o desempenho das farmácias superou as expectativas. Trata-se de um reconhecimento que nos deve orgulhar a todos, com a certeza, porém, de que é fundamental continuarmos a apostar num trabalho de parceria entre todos os agentes da Saúde, para garantir a prestação dos melhores cuidados de saúde aos nossos utentes.