58 | Turismo Sénior e Lazer
Viagens de proximidade e o território da saudade Carlos Wehdorn
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Historic Route Portugal
odos temos um passado gastronómico, uma memória de lugares, cheiros e sabores. Esta viagem começa quando nascemos e aos poucos vamos provando, degustando, um pouco disto, um pedaço daquilo. Vamos acumulando experiências, criando e preenchendo memórias de tudo aquilo que nos agradou ou do que não nos agradou de todo. No entanto, e com o passar dos anos, os sabores e os gostos vão mudando, vão sendo mais refinados, dizem alguns, ou vão voltando ao passado e repescando sentidos quase apagados na nossa memória, reavivando-os e fazendo-nos regressar hoje no tempo, à nossa infância de meninos curiosos. Todos gostamos de viajar, de uma forma ou de outra, sair da rotina e ver lugares, gentes, algo novo que nos capte a atenção, experiências que inevitavelmente iremos arquivar e memorizar. Mesmo quando não vamos para longe da nossa base, do nosso ninho, sentimos curiosidade pelo diferente, ou então confirmámos a semelhança. Podemos ir perto, a outra cidade, região ou país vizinho, ou atravessar oceanos e continentes. A proximidade é agora medida, também, pela disponibilidade para uma escapadinha de fim de semana ou de miniférias. Uns passeios pela sua cidade ou vila, pela sua região, podem revelar-lhe, a si que pensava já tudo conhecer, agradáveis surpresas. Basta por vezes fazer o percurso que pensávamos conhecer de uma outra forma, a pé ou
num transporte como numa bicicleta, com tempo, com espaço para parar e olhar. É nesse tempo de paragem que podemos descobrir aquela paisagem, aquele pormenor que nos havia escapado há anos. Acontece muito isso quando observamos edifícios, a arquitetura dos mesmos, quer sejam simples edifícios de habitação ou monumentos. Mas é nestes últimos que residem por vezes aqueles nichos, aquela escultórica, aquele painel de azulejos que ainda não tínhamos tido tempo de ver ao pormenor. Se pelo meio desse passeio pararmos para almoçar ou lanchar, num restaurante ou “tasco” locais, se conseguirmos ter a sorte de encontrar aquele sítio que ainda preserva o típico, o regional, o bem saber e o bom sabor gastronómico de outros tempos...então, será sem dúvida um dia bem passado. No Natal e na Páscoa muitos regressam a esse passado gastronómico quando retornam, mesmo