Memória & Animação Terapêutica - Não deixar o cérebro “enferrujar”

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Mente Ativa Corpo Ativo | 29

Memória & Animação Terapêutica Não deixar o cérebro “enferrujar” 1

Bruno Trindade, 2Ricardo Pocinho

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Phd Student Doutoramento, 2Professor Investigador

© freepik

A “ferrugem” é má seja qual for a situação, por isso é necessário prevenir e efetuar as devidas manutenções. Com a preponderância que as tecnologias têm ganho, temos acesso a tudo de forma prática e imediata, o que está a diminuir a atividade do nosso cérebro. Da mesma forma que o corpo necessita de ser exercitado para não perder a mobilidade, o cérebro tem de ser estimulado para não corrermos o risco de perder as nossas memórias ou, até mesmo, de virmos a sofrer de doenças degenerativas do cérebro. Com as tecnologias de informação, o cérebro tem ganho estímulos visuais, mas tem perdido estímulos memoriais, já não sabemos números de telefone, matrículas de automóveis, moradas, datas de aniversários. Recorrendo constantemente às aplicações informáticas e às redes socias para fazer contas, visualizar eventos e datas importantes, isto é, para consultar informação necessária, alteramos a forma como o nosso cérebro lembra, recorda e pensa. Deixamos de usar as nossas lembranças, perdemos a capacidade de nos recordarmos de eventos e/ou acontecimentos a longo e curto prazo. A

tecnologia e as aplicações “pensam” por nós, o que vai, certamente, ter consequências no futuro se não for realizado um trabalho de prevenção. Não precisando o ser humano de memorizar, recordar ou pensar, o cérebro torna-se preguiçoso e a criatividade e a imaginação podem estar comprometidas no futuro dos seres humanos. É preciso precaver a saúde mental do ser humano e é neste contexto que a Animação Sociocultural, na sua vertente terapêutica, tem relevância. Promovendo o prazer e o lazer através do lúdico, desenvolve as capacidades do ser humano, estimulando as suas várias vertentes sensoriais e cognitivas. Apesar de estarmos à distância de um “clique”, a tecnologia provoca o isolamento, o que tem consequências na socialização e na maneira de comunicarmos. Dialogar implica uma articulação de pensamento em termos linguísticos e auditivos. Se não socializarmos, não comunicamos e, se não comunicarmos, debilitamos algumas capacidades do cérebro. A promoção da socializa-

ção pela Animação Sociocultural contribui, assim, para a prevenção da nossa saúde mental. Não se pode deixar de exercitar o cérebro. Todas as atividades são essenciais: ler, escrever, falar, observar… tudo é necessário para a prevenção de doenças degenerativas do cérebro, as quais se agravam com o avançar da idade. As instituições de âmbito social e as instituições da vertente da saúde deveriam ter programas adequados de Animação Sociocultural, nos quais seria trabalhada, especificamente, a prevenção de doenças do cérebro, com o objetivo de melhorar a autonomia e a qualidade de vida do ser humano. Ao continuar a não adotar políticas de prevenção, as doenças relacionadas com a demência aumentarão no Serviço Nacional de Saúde. Apostar em profissionais de Animação Sociocultural implementaria uma diversidade de ofertas de atividades lúdicas e terapêuticas de baixo custo, tornando o ser humano mais alegre e feliz, melhorando o seu bem-estar e, consequentemente, a sua saúde mental. Prevenir com a Animação Sociocultural é contribuir para um futuro mais saudável.


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