25 anos de robótica: inovação e melhoria contínuas

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Helena Paulino

Quando hĂĄ quase trinta anos AntĂłnio Malheiro fundou a empresa jornalĂ­stica PublindĂşstria pretendia estruturar uma oferta de comunicação direcionada para a engenharia industrial. A aposta revelou-se acertada e, atualmente, a editora reĂşne um vasto acervo de conteĂşdos em suporte de papel e digital, sendo a RobĂłtica uma das estrelas deste ďŹ rmamento que este ano completa 25 anos. Por feitio e, por estratĂŠgia, nĂŁo ĂŠ pessoa muito dada a entrevistas, sendo esta uma exceção sustentada na efemĂŠride de uma revista do Grupo PublindĂşstria, que presentemente estende a sua oferta de conteĂşdos cientĂ­ďŹ cos e tecnolĂłgicos a um largo espetro da Engenharia em Portugal e no Brasil.

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25 anos de Robótica: inovação e melhoria contínuas

revista “robĂłticaâ€? (rr): No seu entender, a que se deve esta longevidade da revista RobĂłtica? AntĂłnio Malheiro (AM): A explicação e compreensĂŁo deste “fenĂłmenoâ€? ĂŠ plural, uma vez que deriva da convergĂŞncia de trĂŞs vetores. O primeiro estĂĄ relacionado com a premissa de partida que entĂŁo sinalizou o seu objeto redatorial: de que a produção industrial seguiria em crescendo para a automatização dos processos produtivos. O segundo vetor prende-se com a terra onde a RobĂłtica foi “semeadaâ€?, ou seja, a PublindĂşstria que, geneticamente, nasceu para os conteĂşdos especializados de base tecnolĂłgica e nĂŁo alterou esta matriz ao longo destes anos. Ou se ĂŠ editor especializado em desporto ou economia ou outra coisa qualquer. NĂłs somos em conteĂşdos tecnolĂłgicos industriais e isso dĂĄ-nos massa crĂ­tica endĂłgena para o desenvolvimento, produção e notoriedade perante os mercados – anunciantes e leitores.

O terceiro vetor deve-se Ă qualidade, entrega e atĂŠ generosidade das pessoas que, ao longo destes 25 anos, se envolveram com a revista, desde redatores, autores, anunciantes, designers, jornalistas e, obviamente, os seus Diretores.

rr: Como era o Portugal em termos tecnolĂłgicos aquando do lançamento da revista? AM: Era muito, mas mesmo muito, atrasado. HĂĄ imagens que ďŹ caram guardadas para sempre no meu subconsciente. Retenho uma imagem do princĂ­pio dos anos 80 na entĂŁo empresa Eduardo Ferreirinha, fabricante de mĂĄquinas-ferramenta onde estagiei. Um quadro humano que jamais esquecerei!... Um operĂĄrio passava horas, dias, anos a manipular um excĂŞntrico que acionava uma mĂł abrasiva que, por um efeito do tipo sanduĂ­che, retiďŹ cava os segmentos destinados aos motores que a empresa produzia sob licença de uma corporação inglesa. Era um trabalho repetitivo e executado numa posição ergonomicamente desajustada ao homo sapiens. A “cadeiraâ€?, o seu corpo e o seu olhar constituĂ­am uma unidade deformada e, em simultâneo, conformada de prisioneiro condenado Ă s galĂŠs! Mesmo de pĂŠ, o homem movimentava-se com uma inclinação da coluna, semelhante ao Corcunda de Notre Dame! NĂŁo era um quadro singular nesta empresa que, por essa altura, era tida como referĂŞncia e escola de aprendizagem. O endurecimento/tĂŞmpera do barramento dos tornos aĂ­ fabricados acontecia graças Ă perĂ­cia de um homem muito conceituado na casa e senhor de uma grande perĂ­cia na manipulação do maçarico de aquecimento do barramento. Portador de uma ĂĄurea de saberes ocultos associados ao endurecimento dos metais! Dizia-se, entĂŁo, que se ele faltasse a empresa encerrava e a verdade ĂŠ que poucos anos depois encerrou. NĂŁo sei se por o medium ter morrido ou se por causas naturais da competitividade das empresas.


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