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luzes
a era dos écrans dobráveis
Custódio Pais Dias, Diretor
Há muito procurados e já anunciados há algum tempo, começam a ser amplamente comercializados os equipamentos com écran dobrável. Algo que há alguns anos atrás parecia impossível ao utilizador comum, está agora ao seu alcance, mas não sem que antes tenham sido ultrapassadas algumas dificuldades de vulto. Uma das grandes dificuldades colocadas à dobragem de um écran é a sua espessura. Quando se dobra um material não rígido, qualquer que seja, na parte superior da zona de dobra ele sofre uma extensão e na sua parte inferior uma compressão. Isto cria uma tensão que será tanto maior quanto maior for a espessura da placa a dobrar, o que pode resultar na sua rutura ao fim de algumas dobragens. Assim, o primeiro desafio vencido foi tornar o écran suficientemente fino para que possa dobrar um grande número de vezes sem romper. Tal foi possível com o desenvolvimento da tecnologia AMOLED (active matrix organic light emitting diode), substituindo na sua produção o vidro rígido por uma fina placa de polímero flexível. Além disto, para tornar o écran ainda mais fino foi necessário reduzir o número de camadas que habitualmente um écran rígido tem, tendo sido retirada a camada de proteção e polarização (antirreflexo) que se situa na superfície externa dos rígidos, bem como deixou de ser necessária a camada adesiva que cola a camada que deixa de existir às camadas internas. Embora a retirada destas partes do écran não seja o ideal, as consequências negativas são mínimas por se tratar da tecnologia AMOLED, que tem uma forma de gerar luz diferente da tecnologia de cristais líquidos. Uma outra grande dificuldade está relacionada com o conjunto de elétrodos condutores transparentes, necessários para que as substâncias orgânicas emitam luz. Nos écrans rígidos esta função é garantida por uma substância mecanicamente muito frágil, completamente desadequada a ser utilizada em écrans que possam dobrar. Além disso, essa substância mostrou ter uma fraca aderência ao polímero flexível desenvolvido para os écrans dobráveis, o que provocava deformações nos referidos elétrodos após as dobragens. Foi, então, necessário fazer um tratamento à substância utilizada nos elétrodos para melhorar a sua adesão ao polímero flexível. Para ultrapassar a fragilidade mecânica e evitar deformações ao dobrar, a solução encontrada foi colocar a camada de elétrodos precisamente a meio da espessura de dobragem. Nestas condições, estes não sofrem nem extensão, nem compressão ao dobrar e mantêm a sua forma original. Atualmente, está em desenvolvimento uma nova tecnologia que pretende substituir os atuais elétrodos com recurso à nanotecnologia. A solução que parece ser mais promissora é a utilização de uma película flexível contendo nano fios de prata, formando uma malha eletricamente condutora que, dadas as suas nano dimensões, se tornam praticamente transparentes. Uma outra grande vantagem desta possível alternativa para os elétrodos é o seu baixo custo, na medida em que pode ser implementada, simplesmente, imprimindo uma solução contendo os nano fios de prata sobre o substrato, tal como se faz a impressão de tinta em papel. Assim, não faltará muito para que possamos dobrar écrans como se dobram lenços. Estamos chegados ao último número da revista deste ano, tão difícil e desafiante, em que tanta coisa mudou, em que foi necessário reinventar para sobreviver. Se num contexto normal já não é fácil para a revista manter o interesse, a atualidade e a qualidade, que os leitores merecem, num ano como o 2020 consegui-lo tornou-se uma árdua tarefa. Contudo, uma vez mais, contamos com preciosas colaborações que ajudaram a revista a manter o mesmo nível de sempre. A todos um grande bem-haja. Que no ano novo a esperança do regresso à normalidade se torne realidade.
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Estamos chegados ao último número da revista deste ano, tão difícil e desafiante, em que tanta coisa mudou, em que foi necessário reinventar para sobreviver. Se num contexto normal já não é fácil para a revista manter o interesse, a atualidade e a qualidade, que os leitores merecem, num ano como o 2020 consegui-lo tornou ‑se uma árdua tarefa. Contudo, uma vez mais, contamos com preciosas colaborações que ajudaram a revista a manter o mesmo nível de sempre. A todos um grande bem-haja.