Dossier: Reabilitação
Reabilitação de edifícios antigos As soluções a implementar exigem a caraterização da pré-existência Vasco Peixoto de Freitas Prof. Catedrático da FEUP Diretor do Laboratório de Física das Construções
1. O FUTURO DA CONSTRUÇÃO PASSA PELA
no mercado de arrendamento, desde que
de desemprego um valor superior ao valor
REABILITAÇÃO
esse apoio seja inferior a 30% do total do in-
do incentivo.
A construção é um setor de atividade indis-
vestimento geram-se cerca de 100 postos
pensável às sociedades modernas e desen-
de trabalho ou se impede que mais traba-
Sem uma estratégia clara e de continuidade
volvidas, no entanto, em cada momento, é
lhadores recorram ao fundo de desempre-
não é fácil ao mercado, nesta conjuntura,
necessário perceber quais as necessidades
go. Esta estratégia não é uma estratégia de
encontrar uma dinâmica para a necessá-
e ajustar as intervenções a essas neces-
subsídio, é uma estratégia de financiamen-
ria reabilitação do património edificado. Se
sidades. Tenho afirmado, há mais de uma
to. Refira-se que o setor bancário não está
nada for feito daqui a uma década todos la-
década, que a reabilitação, nomeadamente
efetivamente a financiar a reabilitação de
mentaremos a falta de visão que conduzirá
a reabilitação do património edificado, é
edifícios. Por outro lado, este financiamento
a vilas e cidades profundamente degrada-
um dos vetores fundamentais do setor da
governamental seria recuperado em muito
das, num país em que o turismo é um dos
construção. Essa reabilitação passará pela
pouco tempo, uma vez que cada milhão de
setores mais dinâmicos.
preservação do património monumental,
euros de incentivos conduziria a uma ati-
pela reabilitação dos edifícios antigos, pela
vidade económica de mais de 3 milhões, o
Aos engenheiros, hoje como no passado,
reabilitação da envolvente e das zonas co-
que significaria que o Estado recuperaria
pede-se conhecimento técnico e capacida-
muns dos edifícios de condomínio de es-
com o IVA, com a TSU e com a redução do
de de gestão financeira, que sempre soube-
trutura porticada de betão armado (cons-
valor que teria de pagar através do subsídio
ram demonstrar. Pede-se também uma vi-
truídos nas décadas de 60, 70 e 80) e ainda pela resolução das patologias construtivas dos edifícios mais recentes, cuja durabilidade é claramente inferior ao período de amortização dos empréstimos bancários. Gostaria de referir que, contrariamente à imagem errada que passa na opinião pública, há um futuro promissor para o setor da construção, cujo contributo para o PIB é sempre muito significativo. Apenas é necessário nesta fase de transição de paradigma - passagem da construção nova para a reabilitação - que o Estado possa alavancar uma estratégia de financiamento recuperável a curto prazo pelos impostos gerados pela própria atividade económica. Concretizando melhor a ideia, pode fundamentar-se que por cada milhão de euros de incentivo financeiro por parte do Estado à reabilitação de edifícios, ocupados ou a ser lançados
24
elevare
Figura 1. Localização dos elementos construtivos.