Utilizacao das tecnologias de fabrico aditivo no desenvolvimento de sapato para pessoas com paralisi

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Jorge Lino Alves1,2, Lígia Lopes2, Ana Dulce Meneses1 INEGI, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto 2 Design Studio, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto

O Fabrico Aditivo (FA) utiliza-se nos mais variados setores industriais. A sua aplicação no fabrico de calçado pode contribuir para ganhos significativos no desenvolvimento de novos modelos e customização de calçado. O projeto RitaRedShoes.cerebralpalsy.designproject, enquadrado na Unidade Curricular Projeto Design Industrial do Mestrado em Design Industrial e de Produto da FBAUP/FEUP, teve como objetivo o desenvolvimento de calçado (por parte dos 24 estudantes) que cumprisse os requisitos necessários para pessoas com paralisia cerebral mas que, simultaneamente, fosse atrativo para outros tipos de utilizadores.

durabilidade – daí o seu material e desenho serem essenciais ao desgaste a que estão sujeitas durante o período de marcha do seu utilizador [1]. Um par de sapatos genericamente é composto por diversos componentes, tal como se indica na Figura 1 [2, 3].

1. Gáspea 2. Salto 3. Vira 4. Testeira 5. Alma 6. Contraforte 7. Sola 8. Atacador 9. Lingueta 10. Palmilha

1,2

especial sobre impressão 3d

Utilização das tecnologias de fabrico aditivo no desenvolvimento de sapatos para pessoas com paralisia cerebral

robótica

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Figura 1. Componentes de um sapato genérico.

INTRODUÇÃO Este projeto teve como parceiro científico a Sheffield Hallam University (Reino Unido), e visou o desenvolvimento concetual de calçado para pessoas com paralisia cerebral. Contou ainda com parceiros como o fabricante de calçado Klaveness, a Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) e a Associação Sorriso da Rita e permitiu, através de um workshop, logo na fase inicial do exercício, que se criassem interações entre os estudantes e pessoas com paralisia cerebral, a quem chamamos de designers partners e também entre profissionais de saúde que intro-

duziram especificações técnicas relacionadas com a temática em questão. Nesta ação foi possível percecionar que o calçado ortopédico deve respeitar requisitos entre os quais se destacam: o contraforte deverá ser bastante rígido e alto, por forma a contrariar certos movimentos de torção lateral indesejados e “endireitar” a marcha; deve conferir suporte lateral suficiente, conforme o pé seja valgo (associado à marcha equina em pronação; pé chato; tecidos moles do pé em evidência) ou varo (associado à marcha equina em supinação; pé cavo), a sola não deverá ser muito flexível e deve garantir estabilidade e

A conceção de um sapato ortopédico específico deve iniciar-se com o levantamento de forma do pé do utilizador, bem como pelos testes de pressão plantar. A visita à empresa Klaveness permitiu conhecer várias técnicas de recolha de pedigrafia, sendo que esta pode ser feita diretamente sobre o pé – com o auxílio de um scanner ou de forma indireta. A leitura direta por scanner 3D é geralmente mais rápida e eficaz, mas por vezes acarreta imprecisões pelo facto do paciente ter dificuldade em permanecer estático durante o período total de leitura. Neste caso o levantamento direto pode tornar-se mais moroso e, até mesmo, desconfortável para o utilizador. Assim, na maioria das vezes, o levantamento da forma realiza-se de forma indireta, sendo o método mais comum, a impressão sobre a caixa de espuma fenólica (Figura 2a), já que este procedimento pode ser facilmente executado pelo próprio ortopedista, que mais tarde envia o negativo para a fábrica de calçado para ser digitalizado. Outra técnica consiste na obtenção de um modelo em gesso correspondente ao pé do utilizador (Figura 2b), por


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