O regresso da RoboParty
robótica
66
por Sara Lopes
reportagem
Num dia normal, por detrás das portas de vidro do pavilhão desportivo da Universidade do Minho em Guimarães, não é costume haver robots. No entanto, foi exatamente isso que aconteceu entre os dias 7 e 9 de abril na 14.ª edição da RoboParty.
O evento de robótica ensinou, num contexto pedagógico, quase 400 pessoas a construir robots móveis autónomos de forma simples e animada, num ambiente de entreajuda e fairplay. Com especial ênfase em conceitos de programação e robótica, estes 3 dias foram cheios de atividades, numa dinâmica "non-stop”. “Nós já tínhamos saudades”, confessou Fernando Ribeiro, organizador do evento e Diretor da revista "robótica". O RoboParty já não acontecia há 2 anos consecutivos e, segundo o professor, já era tempo de voltar. “Queremos deixar a semente nestes jovens para ver se eles se viram para as tecnologias”, disse, apontando com curiosidade que os “mais pequenos aprendem mais facilmente”. Nesta edição, as idades dos participantes variaram entre os 6 e os 63, apesar de a maioria se encontrar na faixa etária dos 16/17 anos. Foi precisamente para reforçar o estímulo desde cedo que Gil Lopes decidiu participar no evento com os filhos, Mariana e Daniel. “Os pequenos já queriam vir há algum tempo”, disse enquanto as crianças soldavam componentes. “Em casa não é tão apelativo para eles. Puxa mais ver os outros a fazer do que só os pais”, acrescentou. Mariana e Daniel, de 9 e 11 anos respetivamente, estavam concentrados. Em conjunto com a amiga Ana, de 6
anos, pareciam contentes por pôr a mão na massa. Faziam à vez. Viam no manual qual o componente a usar, procuravam o seu lugar na placa, soldavam e cortavam o excesso. Se não o conseguissem fazer sozinhos, Gil ajudava com o alicate, enquanto supervisionava e dava instruções. “Está a ser fixe e divertido. É preciso ganhar prática com a solda e ir evoluindo. Eu gosto disso", contou Daniel. Apesar de mais à vontade com a montagem, Daniel estava ansioso com a parte da programação, que sabia ser difícil. Por outro lado, Mariana estava mais descansada. “O Daniel gosta mais de mexer na tecnologia. Eu gosto mais de desenhar”, confessou. O que acabou por ser vantajoso porque uma
das provas da RoboParty envolveu decorar o robot. Além da família Lopes, o evento contou com mais 99 equipas, de 4 elementos cada, vindas de escolas, institutos e associações, com um rácio 3x1 de aluno para professor. Estiveram todos reunidos dentro do pavilhão, divididos em “ilhas”, conjuntos de mesas com capacidade para 4 equipas cada. “Eles estão a dar isto nas aulas. É um reforço e uma aplicação mais prática. Normalmente eles só mexem com simuladores", contou Noé Vilas Boas, professor do Curso Profissional de Técnico de Eletrónica, Automação e Computadores, da Escola Secundária das Caldas das Taipas. Com 6 alunos entre os 15 e os 17 anos, o professor confessou que o objetivo era promover a autonomia e fazer com que eles ganhassem segurança no que estavam a fazer. Pedro Silva foi um desses alunos. “Acho interessante. Mostra mais a parte crítica do nosso curso”, disse, assim que chegou da sua partida de xadrez. Para além da vertente principal, a RoboParty promoveu também atividades como o xadrez, o ténis de mesa, o basquetebol e o TRX e contou com a atuação de 2 tunas da UMinho. "O xadrez é um jogo onde se tem de pensar bem. Na montagem é igual. Tenho de pensar que preciso pôr uma peça no sítio certo para ele fazer o que eu quero que faça”, completou. Nem os alunos, nem a família Lopes, ficaram a dormir no pavilhão, que durante 2 noites foi transformado no RoboHotel, com colchões perfeitamente alinhados numa das laterais do espaço, mas