“Que comecem os jogos!”

Page 1

“Que comecem os jogos!”

robótica

64

por Sara Lopes

reportagem

De 1 a 4 de junho, o Multiusos de Guimarães recebeu o 1.º campeonato europeu RoboCup realizado em Portugal.

Quem entrou no Multiusos de Guimarães nos primeiros dias de junho não ouviu só falar português. Ouviu francês de um lado, croata do outro. Ou italiano, ou inglês, ou alemão, ou sueco. Existia um murmúrio no ar, várias línguas juntas, mas um sentimento em uníssono: o gosto pela robótica. Foi assim que começou a 3.ª edição do European RoboCup, a primeira a ser realizada em Portugal. Era para ter sido em 2020, mas devido ao Covid-19, o evento só aconteceu este ano, com cerca de 700 participantes. A sala do Multiusos foi dividida em 8 zonas. Ao passar pelas portas de madeira, todos os participantes e visitantes puderam ver as áreas Science Expo, Home Education, Rescue, Soccer, Roboparty Fun Challenge, Middle Size League, Small Size League e On Stage. Nesses espaços, as equipas dos 15 países participantes puderam testar e aprimorar os seus robots, quer a nível de hardware, quer de software, durante as 14 provas da competição. Depois de passar por Itália em 2018 e pela Alemanha em 2019, chegou a vez de Portugal ser o palco do evento que tem como objetivo estimular o ensino STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). “Isto já não acontecia presencialmente há 3 anos. Está uma azáfama”,

confessou Fernando Ribeiro, Diretor da revista “robótica” e Professor na Universidade do Minho (UMinho) enquanto se ouviam, ao fundo, palmas e gritos de entusiamo. Na prática, o RoboCup é um desafio científico de ciência e tecnologia, onde universidades e centros de investigação desenvolvem robots autónomos para superar desafios práticos como jogar futebol, resgatar pessoas, executar tarefas domésticas e encontrar soluções de automação de fábrica. Para o coordenador do evento, este tipo de eventos é muito importante, especialmente para Portugal. “Nós já temos feito muitos eventos de robótica ao longo

dos últimos 20 anos e é um reconhecimento do que se tem feito”, explicou Fernando Ribeiro, apontando a vertente de aprendizagem como um dos pilares do campeonato. “Durante 10 meses de trabalho, foram desenvolvidas 50 experiências científicas interativas para a Science Expo. Decorar as fórmulas não é o mesmo do que experimentar”, apontou. António Dias, aluno do mestrado integrado em Engenharia Eletrónica e parte da equipa do LAR - Laboratório de Automação e Robótica da UMinho, não podia concordar mais. “Aprendemos muito com isto. No curso aprendemos sob pressão, mas aqui é mais intenso porque podemos aplicar o que se aprende. Já aprendi coisas hoje que não sabia”, confessou o estudante de 26 anos. O grupo de António participou na categoria Home Education, defrontando outra equipa portuguesa e 2 espanholas, mas eles tinham uma vantagem do lado deles: estavam a competir num país e numa cidade que conheciam. O mesmo não se podia dizer de Federica Costanzo e de Thoms Nellesen, que nunca tinham visitado Portugal. Vinda de Catânia em Itália, Federica estava a preparar os robots da sua equipa para a prova On Stage, onde fizeram uma performance de dança, ao som de We Will Rock You. “Aqui temos de trabalhar juntos. Temos de comunicar e encontrar soluções que agradem a todos”, contava, lembrando como tinha sido apresentada à robótica há cerca de 4 anos atrás por um professor. A equipa de Federica era composta por 9 elementos. Desses, apenas 3 eram femininos. “Acho que a sociedade


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.