Utilização de robots humanóides em aplicações médicas e biomédicas 1.ª Parte
Alexandra Pereira, Beatriz Santos, Rita Pereira Supervisao: J. Norberto Pires Universidade de Coimbra
4
artigo científico
cos, e conclúımos que as vantagens se parecem sobrepor às desvantagens. Palavras-chave: robots humanóide, medicina, engenharia, MARKO, NAO, RIBA, ROBEAR, RYAN COMPANIONBOT, DIGIT.
robótica 127, 2.o Trimestre de 2022
robótica
Robot RIBA. Figura retirada da referência [16].
ABSTRACT Com a crescente falta de funcionários nas diversas instituições de prestação de serviços médicos como hospitais, farmácias e centros de saúde e com o aumento da taxa de casos de doenças do foro psicológico desenvolvidas pela solidão, stress ou confinamento pandémico, os robots poderão constituir uma solução de grande importância num futuro próximo, quer auxiliando os profissionais de saúde, quer ajudando indivíduos com dificuldades físicas e/ou mentais em lares ou nas suas próprias habitações. Neste artigo abordamos a temática da Robótica Humanóide aplicada à saúde, explorando o conceito geral de Robot Humanóide, procedendo de seguida a uma breve revisão do que existe nesta área aplicada à saúde, mencionando algumas das opções do mercado, tais como o MARKO, o NAO, o RIBA, o ROBEAR e o RYAN COMPANIONBOT. Existem diversos robots em desenvolvimento e já desenvolvidos que visam efetuar diferentes tarefas, tais como auxílio em sessões de fisioterapia, levantamento ou transporte de pessoas e fazer companhia a idosos. No contexto epidemiológico atual os robots humanóides revelam poder ser uma mais-valia, pelo que destacamos o caso dos robots DIGIT que, se aplicado à área da saúde, poderá revolucionar o sistema médico tradicional. Posteriormente, debruçamo-nos sobre as perspetivas para o futuro, onde o mercado da robótica começa a ganhar espaço, esperando-se que em 2025 atinja os 87 biliões de doláres. Por fim, analisamos as vantagens e desvantagens da aplicação deste tipo de ”auxiliares” médi-
1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, a presença de robots nos mais variados setores e até no dia-a-dia tem aumentado significativamente e espera-se que esta tendência crescente se mantenha. O setor da saúde não é exceção, tendo-se verificado um aumento do investimento em I&D nesta área que se tem traduzido na introdução de robots que efetuam as mais variadas tarefas: desde os conhecidos robots cirúrgicos (como, por exemplo, o sistema DA VINCI) aos robots de assistência (RIBA ou ROBEAR), passando por robots de desinfeção (XENEX), robots que transportam e entregam medicação (TUG robot) e robots que efetuam a extração de sangue (VEEBOT), entre muitos outros. Todos estes robots apresentam elevada eficiência e precisão, alguns funcionam como complemento ao trabalho dos profissionais de saúde enquanto outros têm a capacidade de os substituir nas tarefas mais básicas e morosas, permitindo aos profissionais um maior foco no doente. As aplicações da robótica na área da saúde são vastas e com tendência crescente, pelo que o nosso trabalho irá incidir, em particular, sobre a utilização de robots humanoides, uma área ainda em desenvolvimento. Começaremos por definir este tipo de robots e abordar o estado da arte. De seguida, apresentaremos uma seleção dos produtos mais promissores existentes atualmente ou em fase avançada de desenvolvimento e culminaremos com as perspetivas para o futuro, apresentando algumas das vantagens e desvantagens do seu uso nos cuidados de saúde.
2. ROBOTS HUMANÓIDES Os robots humanoides são diretamente influenciados pelas capacidades humanas e imitam aspetos da forma e comportamento humano [3]. Não existe um consenso quanto à definição do termo robot humanoide. De acordo com [2] há três características necessárias para um robot ser classificado como humanoide: 1. funcionarem num ambiente destinado a humanos; 2. usarem ferramentas comummente usadas pelos humanos; e 3. terem formato humano. O primeiro ponto prende-se com o facto de o ambiente envolvente estar desenhado para ser utilizado por nós, seres