O fabrico digital e a baixa produtividade no setor metalomecânico
robótica
Américo Costa Departamento de Formação do CENFIM
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portugal 3d
O setor metalomecânico vive atualmente, nas suas diferentes atividades operacionais, uma gritante falta de produtividade, impercetível para um observador comum. É urgente redefinir os métodos de trabalho e sobretudo reajustar o mapa de competências das diversas profissões associadas ao setor.
Não podemos continuar a conjugar as tecnologias atuais com métodos de trabalho e conceitos do século passado. Este problema está a arrastar o setor para uma necessidade constante de contratação de mão-de-obra para compensar a sua baixíssima produtividade. É imprescindível a aplicação de um plano de qualificação global aos profissionais do setor para ajustar as suas competências às necessidades exigidas pela tecnologia atual. Este setor está muito suportado pelas tecnologias subtrativas (fabrico por arranque de apara), e assim será até à entrada das tecnologias baseadas no fabrico aditivo. Por este motivo, o setor deve estar focado na maximização da produtividade das tecnologias convencionais de forma s fazê-las perdurar no tempo relativamente ao seu uso. Um setor metalomecânico baseado no fabrico aditivo é, neste momento, uma incógnita, relativamente à manutenção no nosso setor na ribalta europeia e mundial. É ingénuo o pensamento que esta baixa produtividade não tem consequências, é óbvio que tem e isso revela-se sobretudo na crescente procura de mais e mais mão-de-obra e também na forma esmagadora como se reflete nos salários médios auferidos no setor. Precisamos de mais mão-de-obra, sim, mas com um novo leque específico de competências. Apostar no mesmo tipo de qualificação de base não vai resolver a questão mais premente do setor, a sua baixa produtividade. Estamos numa fase do Do or Die, mais que apostar na entrada de novos profissionais na indústria, precisamos sobretudo de um gigantesco plano de requalificação dos profissionais no ativo.
É premente desenhar os novos mapas de competências para cada profissão e ajustar a nossa formação de base e essas novas competências. Os diferentes cursos, de longa duração, não conferem todas as competências exigidas por cada uma das profissões, é necessário elaborar planos individuais de formação que colmatem essas lacunas. Os RH’s das empresas devem ser uma parte ativa em todo este processo. Estas grelhas de competência servirão de guia na seleção de novos profissionais ou para elaborar planos de formação individual. Existem tarefas atuais, que são executadas pelos nossos profissionais que demoram horas ou dias de trabalho, com uma grande probabilidade da existência de falhas provocadas pela saturação da sua constante repetibilidade. Estas tarefas podem e devem ser convertidas em tarefas automáticas executadas em minutos ou até segundos. No entanto para que tudo isto seja almejado com sucesso é importante eliminarmos alguns conceitos induzidos de forma errada na nossa formação de base. Os primeiros conhecimentos induzidos em alguém devem ser criteriosamente e rigorosamente transmitidos porque não nos irão largar ao longo da vida. Muito pior que não saber é saber de forma errada. Saber para onde caminhamos é importante para nos sabermos ajustar em tempo útil. Profissionalmente, vivemos numa era onde devemos partilhar e procurar conhecimento junto de outros profissionais. Ninguém sabe tudo, é verdade, mas devemos saber sempre a quem recorrer quando necessitamos de saber algo essencial ao nosso desempenho. É urgente eliminar alguns conceitos algo retrógrados nas nossas atividades profissionais, não existem profissionais melhores ou piores, não interessa nada, inclusive ao próprio passar a ideia de é um campeão numa profissão. As empresas funcionam sempre ao ritmo dos profissionais menos qualificados. O tempo em que trabalhar ao lado de alguém menos qualificado não afetava a qualidade do nosso trabalho é do século passado, por isso, não existe outra solução, ou evoluímos de forma homogénea ou sairemos todos altamente prejudicados.
ÁREAS COM FORTE POTENCIAL DE MELHORIA NA NOSSA INDÚSTRIA METALOMECÂNICA Existem algumas áreas, nomeadamente o Projeto e Desenho Assistido por computador, em que temos obrigatoriamente de automatizar as nossas tarefas. A modelação 3D exige ainda alguma da nossa criatividade, mas a partir da montagem e sobretudo do desenho de fabrico e de definição temos que saber automatizar. Não podemos continuar a dizer que fazemos tarefas diferentes todos dias, não, fazemos sempre a mesma coisa,