Figura 1. Demonstração de uma tarefa colaborativa entre um robot e um operador no âmbito do projeto ColRobot.
2. ROBÓTICA INDUSTRIAL Os primeiros robots, desenvolvidos há mais de cinquenta anos, foram manipuladores industriais, utilizados nas linhas de produção da indústria automóvel. Embora este tipo de robots continue a representar a área da robótica com maior significado em termos económicos, a investigação nesta área tem-se focado no desenvolvimento de aplicações que permitam a colaboração simplificada entre robots manipuladores e operadores humanos (tendo em conta que as estações de trabalho colaborativas permitem a combinação da adaptabilidade e destreza de um operador humano com a repetibilidade e precisão de uma plataforma robótica, tornando as linhas de montagem mais flexíveis, produtivas e económicas) e na simplificação da tarefa de programação de robots manipuladores para tarefas industriais. A este nível, o projeto ColRobot - Collaborative robotics for assembly and kitting in smart manufacturing, desenvolvido no âmbito de um consórcio internacional que incluiu a Universidade de Coimbra e o INESC TEC, conduziu ao desenvolvimento de interfaces naturais e seguras contemplando interação cognitiva e física com manipuladores móveis colaborativos. Estes operam como assistentes ao humano/operador em tarefas de
Mesa Redonda sobre Robótica
Figuras referidas no texto
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1. INTRODUÇÃO A área da robótica tem vindo a assistir a um interesse crescente por parte da generalidade das pessoas, fruto da perceção que a sociedade tem da possibilidade destas máquinas virem ajudar na realização das tarefas “estúpidas, perigosas, chatas e sujas”, designadas na terminologia Anglo-Saxónica por 4D (do inglês, dumb, dangerous, dull, dirty). Adicionalmente, os dados e os indicadores que têm vindo a ser divulgados pela International Federation of Robotics (IFR), indicam um forte crescimento das vendas, quer de robots industriais, quer de robots de campo e de serviços. Este crescimento, cuja tendência se prevê continuar, tem sido suportado e acelerado pelo desenvolvimento de robots cada vez mais avançados e pela robotização de um número crescente de setores e de tarefas. Esta evolução só tem sido possível graças a um forte investimento na Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (I&DT) na área da robótica e nas áreas de suporte, em particular em Inteligência Artificial, sensores e atuadores. Esta tendência também tem sido observada em Portugal, como se pode constatar pelos exemplos apresentados de seguida.
manufatura na indústria automóvel e aeronáutica (Figura 1), como por exemplo na montagem de produtos em que o operador fica responsável pelos componentes flexíveis e de difícil manipulação, enquanto o robot auxilia em paralelo nas tarefas de montagem de peças mais pesadas e em operações de aparafusamento. Já o projeto COMMANDIA – Collaborative Robotic Mobile Manipulation of Deformable Objects in Industrial Applications, com a participação da Universidade de Coimbra, propõe-se desenvolver um conjunto de novas técnicas e tecnologias em perceção robótica, controlo e planeamento para a manipulação dinâmica de objetos deformáveis com um grupo de manipuladores móveis colaborativos.
robótica
Este artigo apresenta uma revisão geral sobre os trabalhos que têm sido desenvolvidos em Portugal, na área da robótica, com a colaboração da academia. O artigo analisa as seguintes áreas de atuação: robótica industrial, robótica de campo e de serviços, robótica médica e de apoio social.
Manuel F. Silva, Carlos Cardeira, Cláudia Rocha, José Lima e Lino Marques Sociedade Portuguesa de Robótica
Uma breve revisão sobre a I&DT em robótica em Portugal
Para acelerar o treino dos operadores e tornar a colaboração homem-máquina mais intuitiva, foi desenvolvido no INESC TEC um sistema de realidade aumentada que projeta informação espacial diretamente no ambiente, permitindo guiar o operador ao longo do processo de montagem. Ao delimitar as zonas de trabalho do operador (a verde e azul) e do robot (a vermelho e amarelo), o operador fica com uma clara definição do que deve estar a fazer a cada momento e onde não deve entrar, para evitar colidir com o robot, ou interromper as suas tarefas (Figura 2). Como informação complementar, é projetada uma interface interativa com informação concisa para cada etapa, na forma de um vídeo com uma breve descrição textual. Esta abordagem é eficaz para montagem de produtos no qual o operador fica responsável pelos componentes flexíveis e de difícil manipulação, enquanto o robot auxilia em paralelo nas tarefas de montagem de peças mais pesadas e em operações de aparafusamento. Relativamente à simplificação da tarefa de programação de robots manipuladores, destaca-se o projeto SIIARI - Sistema para o Incremento da Inteligência Artificial em Robótica Industrial, no âmbito do qual foi desenvolvido um sistema de programação