Análise dos ativos físicos de uma indústria alimentar - 1.ª Parte

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ARTIGO CIENTÍFICO

Análise dos ativos físicos de uma indústria alimentar 1.ª Parte João Pereira1, José Torres Farinha1,2, Hugo Raposo1,2,3, Edmundo Pais1,3,4 1

ISEC - Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, Portugal

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CEMMPRE - Centre for Mechanical Engineering, Materials and Processes, Coimbra, Portugal

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EIGES - Research Centre in Industrial Engineering, Management and Sustainability, Universidade Lusófona, Lisboa, Portugal

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CISE - Centro de Investigação em Sistemas Electromecatrónicos - UBI

joaoandre1992dias@gmail.com; torres.farinha@dem.uc.pt; hugo.raposo@isec.pt; edmundopais@gmail.com

O acompanhamento do ciclo de vida dos ativos físicos implica abordar temas, tais como, a sua eficiência energética e a sua substituição, designadamente a definição do momento mais adequado para renovar um determinado equipamento. O presente artigo apresenta uma breve caracterização das fontes energéticas e o estudo do ciclo de vida de ativos de uma organização do setor alimentar. Primeiramente será feita uma abordagem relativamente aos custos e aos encargos com as fontes energéticas da organização e, em seguida, é apresentado o estudo sobre a substituição de ativos físicos; para esse efeito foram utilizados métodos tradicionais, tais como o da “vida económica”; os modelos que lhe estão subjacentes são fortemente discutidos ao longo deste artigo, utilizando dados reais da organização, para a sua validação. Nele serão abordados três métodos de depreciação de ativos físicos, nomeadamente: o Método Linear de Depreciação; o Método da Soma dos Dígitos e o Método Exponencial. Foram também usados métodos para a determinação do Ciclo Económico de substituição dos ativos físicos, designadamente os seguintes: Método da Renda Anual Uniforme (MRAU); Método da Minimização do Custo Médio Total (MCMT); e o Método MCMT com redução do valor presente (MCMT-RVP). Os equipamentos usados para este estudo foram os fornos de padaria, com fontes energéticas diferentes: gás; e eletricidade. Por fim, são apresentados os resultados e as conclusões resultantes da aplicação dos métodos usados nestes ativos da indústria alimentar.

1. INTRODUÇÃO

A

gestão de ativos de uma organização deve traduzir os objetivos organizacionais que estão subjacentes às decisões de caráter técnico e financeiro, incluindo os respetivos planos e medidas táticas, vertidos nos seus planos de atividade. Muitas organizações tomam decisões isoladas, por reação a acontecimentos, isto é, cada decisão é tomada e implementada, por vezes por empirismo, sem que seja feita uma análise sobre o impacto que essa decisão vai ter na organização. Questões simples, como custos, riscos e desempenho, se não forem tomadas em consideração, uma decisão que era simples para a solução de um determinado problema pode tornar-se numa má decisão para a organização como um todo.

1.1. Gestão de energia – Eficiência energética Os conceitos de Energia e Eficiência Energética são hoje em dia bastante importantes, tanto para a indústria, como para outros setores. Energia, segundo a ISO 50001:2018, é “Eletricidade, combustíveis, vapor, calor, ar comprimido e outras formas/vetores”. O conceito de energia, segundo a mesma fonte, pode ser aplicado a todas as formas de energia incluindo as renováveis, isto é, que possam ser adquiridas, armazenadas, processadas, utilizadas num equipamento/processo ou até mesmo recuperadas. Segundo a Diretiva 2012/27/UE, Energia corresponde a “Todas as formas de produtos energéticas, ou seja, os combustíveis, o calor, a energia renovável, a eletricidade ou outros quaisquer tipos de energia”, tal como definido no artigo n.º 2, alínea d), do regulamento (CE) nº1099/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de outubro de 2008, relativo às estatísticas da energia”.

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MANUTENÇÃO 148

Na ISO 50001:2018 é possível definir eficiência energética como “otimizar a relação quantitativa entre um desempenho, serviço, bem ou energia e um consumo de energia, ou seja, proporciona benefícios rápidos para uma organização, maximizando o uso de fontes de energia e ativos relacionados com energia, reduzindo assim o custo e o consumo de energia para fornecer a mesma quantidade de valor energético”. A mesma fonte afirma que, quer os consumos, quer os resultados necessitam de ser especificados em quantidade e qualidade, e devem ser mensuráveis. São exemplos: a eficiência energética/energia utilizadas; a relação entre o resultado/energia consumida; entre outras. O investimento em eficiência energética é uma alternativa viável ao investimento tradicional no aumento do fornecimento. Através da redução ou limitação da procura de energia, as medidas de eficiência energética podem aumentar a resiliência da indústria sobre uma variedade de riscos, como por exemplo, os preços inconstantes da energia, stress na infraestrutura energética, e as interrupções nos sistemas de distribuição de energia. A eficiência energética tem o potencial de contribuir simultaneamente para (Gonçalves, 2017): • A segurança energética de longo prazo; • O crescimento económico; • A melhoria da qualidade de vida; • A redução das emissões de gases de efeito de estufa. As evidências recentes apontam para que a eficiência energética tenha desempenhado, e ainda desempenhe, um papel fulcral na economia mundial. Na indústria existe uma elevada complexidade no que se refere à eficiência energética, pois enfrentam grandes dificuldades de implementação na gestão de energia.


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