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reportagem
desafios e oportunidades no contexto presente O PAPEL DA DISTRIBUIÇÃO GROSSISTA NO MERCADO DE MATERIAL ELÉTRICO Notas do Painel debate JOSÉ ANTÓNIO COUTINHO | A ELECTRIFICADORA - PRESIDENTE DA SECÇÃO DE DISTRIBUIDORES GROSSISTAS DA AGEFE Presidente CA de A Electrificadora, SA.
O desafiante contexto que atravessamos está a demonstrar, uma vez mais, a importância da distribuição grossista no mercado do material elétrico em Portugal. De facto, com a deslocalização, ao longo do tempo, de muitos centros de produção e centros logísticos para fora do país, com a redução de equipas técnicas e comerciais de vários fabricantes internacionais, ao que acresceram os atuais constrangimentos nas cadeias de abastecimento, a função de distribuição grossista de material elétrico tornou-se ainda mais indispensável.
O CONTEXTO E OS DESAFIOS Cadeias de abastecimento tensas não funcionam. Para que as cadeias de abastecimento funcionem é necessária uma produção www.oelectricista.pt o electricista 80
contínua, transporte e armazenagem contínuos e prazos de entrega aceitáveis, tudo situações que hoje não se verificam. Num momento em que as atualizações de preço são uma constante e em que a diferença entre prazos médios de pagamento e de recebimento se começa a sentir, os distribuidores têm sido colocados perante enormes desafios, tanto a nível administrativo, como comercial e financeiro, com o propósito de garantir o adequado dimensionamento dos seus stocks, evidenciando a sua grande resiliência. Porém, há desafios que não são exclusivos da distribuição de material elétrico, mas que esta atividade também enfrenta, e de que são exemplos: • a escassez de mão-de-obra, pois Portugal tem uma população cada vez mais envelhecida e em declínio. Precisamos de captar e oferecer trabalho digno e sustentável às pessoas que queiram vir trabalhar para o nosso País, que queiram também cá ficar a viver e trazer as suas famílias, que queiram contribuir para o nosso fortalecimento, tanto do lado da oferta como do lado da procura. • a qualificação da mão-de-obra é um enorme desafio e tanto maior quanto o mercado da distribuição de material elétrico requer competências técnicas e formação adequada, que habilite à promoção constante de novos produtos e soluções sempre mais inovadoras. O desafio da diferenciação pelo valor acrescentado e pelo serviço não é, porém, fácil de prosseguir num mercado extremamente competitivo e em que o preço e o desconto às vezes parecem ser o fator exclusivo de diferenciação. • a enorme pressão concorrencial que constantemente sofre de vários outros
operadores, com formas e condições distintas de fazer o negócio, de que são exemplo, além de outros, as grandes superfícies de DIY, com horários de abertura mais alargados e concentração de outras sinergias na dinamização da carteira de clientes.
AS OPORTUNIDADES DO CONTEXTO A inovação neste mercado é uma constante, com produtos novos e de elevado valor acrescentado, seja na eficiência energética, na conetividade, na mobilidade elétrica como na produção de energia. Os desafios das alterações climáticas, da neutralidade carbónica e da vida nas cidades requerem uma energia limpa, renovável, que não seja de fonte fóssil, no quadro de uma eletrificação crescente da economia e da sociedade, com edifícios cada vez mais eficientes energeticamente e mobilidade elétrica como um imperativo de eficiência. A boa notícia, neste quadro, é que o sector do material elétrico tem soluções tecnologicamente inovadoras para fazer face a todos estes desafios e mesmo àqueles que se levantarão à necessária preparação da rede elétrica para o repto da mobilidade elétrica. Além disso, todos sabemos que os fundos do PRR ou do PT 2030 representam para todos nós uma grande oportunidade. Pelo menos em tese… já que na prática o que se conhece é que grande parte dos fundos foram canalizados para a esfera pública, embora seja evidente a necessidade maior acesso por parte do sector privado. No entanto, mesmo na esfera pública, as PMEs em Portugal necessitam muito de investimentos públicos