as tecnologias de informação no mundo dos transportes

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dossier sobre sistemas de comunicação nos transportes públicos

as tecnologias de informação no mundo dos transportes ADENE – Agência para a Energia

Figura 1. Previsão do mercado global do GPS, por aplicação, de 2015 a 2025 (milhares de milhão de dólares). Fonte: Grand View Research.

O entusiasmo à volta das oportunidades que as tecnologias de informação trazem para o setor dos transportes é cada vez maior, o que nos pode levar a pensar que até agora estes mundos pouco se cruzavam. Será mesmo assim ou será que a proximidade sempre existiu? Desde muito cedo houve a necessidade de compilar e disseminar informações relacionadas com os transportes. Se as primeiras experiências de transporte público terrestre com sucesso datam da década de 1820, incluindo o primeiro comboio de passageiros, no Reino Unido. A primeira compilação nacional dos horários da ferrovia foi feita em 1839, nem 15 anos volvidos da primeira viagem, que envolvia à data um esforço hercúleo de www.oelectricista.pt o electricista 80

junção e tratamento de dados, e que permitiu não só informar os utilizadores do transporte, mas também melhorar a qualidade do serviço. Também, quando olhamos para a digitalização da informação, o Global Positioning System (GPS) que revolucionou e continuará a revolucionar a maneira como nos deslocamos, foi disponibilizado a civis em 1983, há quase 40 anos, mas o mercado do GPS mostra ainda sinais de crescimento exponencial. O setor dos transportes sempre foi um porto seguro para as inovações nas tecnologias de informação e esta proximidade entregou soluções a todos os níveis: na qualidade do serviço prestado, na segurança, no conforto e até na melhoria da rentabilidade financeira do transporte, seja ele privado ou público. Então, porque assistimos agora a um entusiasmo crescente com as tecnologias de informação no setor dos transportes? Procuramos hoje, nas tecnologias de informação, também soluções para os desafios ambientais deste setor. Assente no aumento

dos dados disponíveis (Big Data), por exemplo pela massificação do GPS, a capacidade de tratamento e extração de informação e conhecimento dos mesmos também tem vindo a aumentar, o que traz oportunidades a vários níveis e para diferentes agentes chave, desde os cidadãos aos responsáveis empresariais e do setor público: Como cidadão, posso hoje saber qual o percurso mais curto até ao meu destino, para os vários modos de transporte, a pé, carro, transportes públicos, bicicleta e, mais recentemente, até me pode ser sugerida a utilização de modos de mobilidade leve partilhados (como trotinetas ou bicicletas) para a deslocação até aos transportes públicos. Enquanto colaborador ou gestor de uma organização ou empresa, posso monitorizar os consumos e as viagens das minhas viaturas, até monitorizar a condução das mesmas e otimizar a sua utilização. No futuro, poderei até prescindir da frota própria para o transporte de mercadorias ou colaboradores, optando por serviços de mobilidade partilhados Mobility-as-a-Service (MaaS), garantindo uma adequação quase exata às minhas necessidades em cada momento. Se for um elemento da administração local, posso estudar e caracterizar os fluxos de mobilidade de modo a trabalhar, com todas as partes interessadas, soluções de mobilidade adaptadas às necessidades de cada um, mais amigas do ambiente, mais saudáveis, seguras e inclusivas. Na administração central, posso coordenar e monitorizar os planos de mobilidade locais, bem como desenhar políticas públicas que fomentem a transição energética e descarbonização do setor, garantindo que são atingidas as metas ambientais propostas. Na miríade de oportunidades e soluções que se discutem para uma maior eficiência do setor dos transportes, as tecnologias de informação têm um papel central na aceleração da adoção de novas tecnologias e até de novos comportamentos. Hoje, tal como nos últimos 200 anos, a proximidade destes dois mundos é essencial, pois só assim podemos almejar o cumprimento das metas ambientais que constam dos planos de política pública de redução das emissões de gases de efeito de estufa (medidas em CO2eq) em 40% até 2030 (PNEC2030), face a 2005, e de 98% até 2050 (RNC2050).


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