INFORMAÇÃO TÉCNICO-COMERCIAL
O super íman da Eni funciona: as portas da energia nuclear italiana estão abertas Sucesso no teste do super íman da Eni que controlará o plasma da fusão nuclear. A energia limpa em grande escala está cada vez mais próxima (data prevista para 2025).
Temos uma plataforma que é tanto cientificamente muito avançada, graças a décadas de pesquisa nestes equipamentos, quanto comercialmente interessante.
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oi um sucesso o primeiro teste do super íman da Eni, necessário para controlar a fusão nuclear. Foi a própria Eni a anunciar, a qual participa neste ambicioso projeto através da Commonwealth Fusion Systems (CFS, empresa na qual os italianos são os acionistas maioritários), juntamente com o prestigiado Massachusetts Institutte of Tecnology (MIT) de Boston. O teste ocorreu a 05 de setembro, mas foi validado pelos dados recolhidos no dia 07 de setembro) e confirmaram o desempenho do super íman que deverá conter a fusão nos reatores e controlar o “plasma” do deutério e do trítio. O CFS planeia construir o primeiro reator experimental até 2025 e produzir energia para a rede já na próxima década. Confirmou-se assim o êxito de 3 anos de trabalho na investigação e desenvolvimento: pela primeira vez, um grande eletroíman supercondutor de alta temperatura foi elevado a uma intensidade de campo de 20 tesla, o campo magnético mais poderoso deste tipo já criado na Terra. O teste ajuda a resolver a maior incerteza na pesquisa necessária para construir a primeira central elétrica de fusão nuclear no mundo. Num momento histórico em que existe pressão na pesquisa por eletricidade de baixo custo e sem emissões nocivas, depois de o Ministro Italiano para a Transição Ecológica, Roberto Cingolani, durante o Fórum
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de Cernobbio, voltou a falar em energia nuclear de nova geração, este resultado abre caminho para a criação de centrais elétricas de baixo custo e sem emissões de carbono que poderiam dar uma contribuição importante para limitar os efeitos das alterações climáticas. “Se em determinado momento descobrir que os quilos de lixo radioativo são muito poucos, a segurança alta e o custo baixo, seria tolice não considerar esta tecnologia”, disse o Ministro, embora aludindo aos mini reatores de quarta geração, ciente que a fusão nuclear ainda é um projeto. Todavia, “a fusão é a mais recente fonte de energia limpa”, afirmou Maria Zuber, Vice-Presidente para a investigação do MIT, “o combustível utilizado para criar a energia de fusão provem da água, que na Terra é um recurso quase ilimitado. Precisamos entender como o utilizar”. Com a demonstração destes dias, a colaboração MIT-CFS está no caminho certo para construir o primeiro dispositivo de demonstração de fusão do mundo, chamado Sparc, que deve ser concluído em 4 anos. Dennis Whyte, Diretor do Plasma Science and Fusion Center do MIT, que está a trabalhar com a CFS para desenvolver este reator, disse: “Os desafios de se conseguir a fusão são técnicos e científicos, mas assim que a tecnologia for demonstrada, será uma nova e inesgotável fonte de energia.” Whyte, que também é o
Diretor de Engenharia da Hitachi América, afirma que a demonstração desta semana representa um marco importante, abordando as principais questões levantadas sobre a viabilidade do projeto. Para entender a diferença com a fissão nuclear, banida da Itália após o desastre de Chernobyl, devemos lembrar que estamos a falar sobre a replicação do processo que alimenta o Sol de forma controlada. A fusão de dois átomos para fazer um maior, libertando grandes quantidades de energia. Mas o processo requer temperaturas muito além do que qualquer material sólido poderia suportar. Para captar a fonte de energia do Sol aqui na Terra, é preciso uma forma de capturar e conter algo tão quente (cem milhões de graus e mais), suspendendo-o no limite que o impede de entrar em contacto com qualquer coisa sólida, fundido instantaneamente. É possível fazer isso usando campos magnéticos intensos que formam uma espécie de “garrafa invisível” para conter o plasma de protões e eletrões. Como essas partículas têm carga elétrica, são fortemente influenciadas por campos magnéticos e a configuração mais usada para contê-las é um dispositivo em forma de donut chamado Tokamak. Eletroímanes de cobre convencionais sempre foram usados para criar campos magnéticos, mas a versão mais recente e melhor deles, em construção na França e chamada Iter,