NOTA TÉCNICA
Segredos para a escolha correta do fluido hidráulico Quando escolhemos o fluido hidráulico para o funcionamento ou a manutenção de um sistema hidráulico sob pressão de uma máquina, costumamos deparar-nos com as informações do fabricante do equipamento que são, geralmente, escassas e muitas vezes limitam-se inclusivamente a designar uma pequena lista de denominações comerciais do produto, sem entrarem em detalhe sobre as suas caraterísticas, especificações ou propriedades e outros fatores que devem ser tidos em conta quando selecionamos corretamente o óleo hidráulico a utilizar, como as pressões ou as temperaturas de trabalho do equipamento no seu meio habitual de uso. OLIPES Lubrificantes
Milacron (CM Pxx), Eaton, JCMAS, Komatsu, New Holland, Parker, Poclain, Sperry Vickers, entre outros.
VISCOSIDADE EM CONFORMIDADE COM A NORMA ISO 3448
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or isso, neste artigo pretendemos dar a conhecer os conceitos básicos a ter em conta antes da tomada de uma decisão.
REQUISITOS As bombas hidráulicas, as válvulas de controlo e os cilindros hidráulicos operam a alta pressão, muitas vezes a altas velocidades, e são construídos com uma grande variedade de materiais (metais, materiais compostos, plásticos, elastómeros, entre outros). Tendo em conta estes factos, assim como a gama de temperaturas de funcionamento e as condições ambientais a que o sistema hidráulico está submetido durante o seu funcionamento, o fluido hidráulico deve satisfazer, no mínimo, os seguintes requisitos: • Manter a viscosidade adequada dentro da gama de temperaturas de funcionamento (temperatura de arranque, temperatura de serviço, temperatura máxima); • Oferecer uma alta resistência à oxidação e à degradação a altas temperaturas, evitando assim a formação de lacas e vernizes dentro do sistema e o aparecimento de resíduos nas válvulas, acionadores, depósito e filtros, aumentando a vida útil do equipamento e a do próprio fluido; • Capacidade anticorrosiva testada para os diferentes metais (principalmente aço e cobre e as suas ligas); • Compatibilidade com os diferentes materiais, especialmente com os plásticos, as pinturas dos depósitos e os elastómeros
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das juntas, retentores e tubos; Capacidade antiespumante, evitando que o fluido se comprima ao ser submetido a altas pressões, assim como a cavitação na bomba; • Facilmente filtrável dentro da gama de filtrabilidade exigida em função das pressões de trabalho e dos componentes do circuito; • Boa demulsibilidade (rápida separação da água); • Proporcionar uma boa capacidade lubrificante e antidesgaste, inclusive na presença de água ou humidade no sistema; • Dependendo da aplicação, podem ser necessárias outras propriedades como resistência ao fogo, biodegradabilidade, atoxicidade, entre outros. •
CLASSIFICAÇÃO ISO/DIN O fornecedor do fluido hidráulico deve indicar a sua classificação em conformidade com as normas ISO 6743-4:2015, ISO 11158, ISO 15380, DIN 51502 e/ou DIN 51524, que determinarão as suas caraterísticas e principias aplicações.
ESPECIFICAÇÕES DOS FABRICANTES Além da classificação ISO e DIN de um fluido hidráulico, o fabricante da máquina pode exigir o uso de um fluido com um nível de qualidade concreto, associado a um ensaio ou a uma norma próprios que deverão figurar na ficha técnica do produto selecionado. Alguns exemplos: Bosch Rexroth, CAT, Cincinnati
A viscosidade dos lubrificantes industriais, incluindo os fluidos hidráulicos, é medida pela sua viscosidade cinemática V [mm2/s] a 40 ºC, obtida ao dividir a viscosidade absoluta pela densidade. Expressa-se tipicamente em unidades de milímetros quadrados por segundo [mm2/s] ou centistokes [cSt] e a sua classificação é conhecida como ISO VG xx, onde “xx” é a viscosidade média dentro dos limites permitidos para cada grau. Por exemplo, um fluido hidráulico ISO VG 46 pode ter uma viscosidade de 41,4 a 50,6 [mm2/s] a 40 ºC, tendo a sua viscosidade média ou standard um valor de 46,0 [mm2/s] a 40 ºC.
ÍNDICE DE VISCOSIDADE A viscosidade dos lubrificantes varia com a temperatura, pelo que quando se trata de selecionar a viscosidade mais adequada, se deve ter em conta a gama de temperaturas com as quais o sistema vai trabalhar, dado que a viscosidade determina a espessura e a resistência da película lubrificante que afetarão o desgaste dos elementos móveis (bomba, válvulas, hastes, cilindros), além de influenciarem no caudal e na pressão que a bomba poderá transmitir (quanto maior a viscosidade, maior a pressão e menor o caudal e vice-versa, quanto menor viscosidade, maior o caudal e menor a pressão). Dito isto, é fundamental que quando selecionar um fluido hidráulico se tenha em conta a temperatura média de operação e a gama de temperaturas máximas e mínimas em que o óleo hidráulico opera. Para se determinar a variação da viscosidade de um óleo com a temperatura, assume-se como referência o seu Índice de Viscosidade (IV). O IV é um valor empírico e adimensional e