entrevista
“a energia renovável é um aspeto decisivo para a transição para a sustentabilidade” Portugal está na dianteira no caminho da transição energética e o mundo apresenta cada vez mais sinais de uma transformação na forma como se produz energia limpa, descentralizada e onde os cidadãos são cada vez mais chamados a participar nas decisões de gestão: produção, distribuição e comercialização. Para falar sobre este tema e assinalar o Dia Mundial da Energia, que se celebrou a 29 de maio, a revista “renováveis magazine” entrevistou Susana Fonseca, responsável da Coopérnico, a primeira Cooperativa de energias renováveis em Portugal. por Marta Caeiro 72
Revista “renováveis magazine” (rm): 'SQS q UYI HI½RMQSW YQE ³GSSTIVEXMZE HI energias renováveis? Qual o papel desta no desenvolvimento do setor em Portugal? Susana Fonseca (SF): Uma cooperativa de energias renováveis consiste num grupo de cidadãos que quer promover a utilização de energias renováveis, usando os seus próprios fundos para o fazer, ou seja, os cooperadores da Coopérnico investem as suas poupanças em projetos de produção de eletricidade renovável que são desenvolvidos em organizações do terceiro setor, nomeadamente, IPSS, ONG, escolas, câmaras municipais, etc. Em Portugal a Coopérnico é a primeira cooperativa de energias renováveis, mas existem países, como é o caso da Dinamarca, onde 86% da capacidade de produção de energia eólica é detida por cooperativas. Na Coopérnico acreditamos que o futuro do modelo energético será, cada vez mais, marcado pela ação direta dos cidadãos e que as cooperativas são uma excelente forma de promover o trabalho conjunto de cidadãos que partilham um interesse comum. rm: Que razões estiveram na base da criação da primeira cooperativa portuguesa de energias renováveis? SF: Essencialmente, os seus dezasseis membros fundadores queriam investir as suas poupanças
IQ TVSNIXSW UYI ½^IWWIQ WIRXMHS IQ XIVQSW de sustentabilidade. A criação de uma cooperativa que promove projetos de produção de energia renovável pareceu-nos ser uma excelente forma de o conseguir, uma vez que estamos a promover a sustentabilidade, não apenas do ponto de vista ambiental, mas também social e económico (ao trabalharmos com entidades do terceiro setor e privilegiando a cooperação com instaladores locais). Associado a este primeiro objetivo, surge um outro que, esperamos, tomará forma muito em breve, que é o da Coopérnico poder assegurar como comercializador independente, o fornecimento de eletricidade aos seus membros (neste momento tal é conseguido através de uma parceria com uma PME portuguesa). Acreditamos num modelo energético em que os cidadãos são donos da empresa que lhes fornece eletricidade, que investem as suas poupanças em projetos objetivos, transparentes e sustentáveis e que participam ativa e democraticamente nas decisões que são tomadas nestas áreas. rm: Que balanço fazem do papel da energia VIRSZjZIP IQ 4SVXYKEP# ,j MERHE QYMXS TSV fazer? SF: A energia renovável é e será um aspeto decisivo para a transição para a sustentabilidade. Portugal, fruto da visão estratégica e trabalho de