Projecto e fabrico assistido por computador: evolução, desafios e oportunidades
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1.a Parte
INTRODUÇÃO
partido destas ferramentas de CAD/CAE é necessário domi-
Este artigo tem como objectivo fazer um pequeno resu-
nar outras vertentes, para além da simples interação mecâ-
mo histórico da evolução das ferramentas informáticas
nica e funcionalidade dos componentes. É premente que as
associadas ao Desenho e Projecto Mecânico Assistido por
instituições de ensino façam uma aposta séria nestas novas
Computador, vulgarmente designadas por ferramentas
ferramentas de CAD/CAE para que a nossa indústria pos-
de CAD (Computer Aided Design) e de CAE (Computer Aided
sa vir, o mais rapidamente possível, a ser servida dispor de
Engineering), e sobretudo despertar-nos para uma realida-
profissionais altamente qualificados, que retirem o máximo
de complexa, no que diz respeito aos requisitos técnicos e
partido destas ferramentas e tecnologias.
qualificações profissionais que os seus utilizadores têm que
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Américo Costa (Engº) CENFIM
nota técnica
possuir para desempenhar as suas tarefas de forma cabal e produtiva.
OS SOFTWARES DE MODELAÇÃO 3D
Se recuarmos duas décadas, início dos anos 90, o nosso
Os softwares de modelação 3D estão organizados basica-
sector Metalomecânico dispunha de excelentes profissio-
mente em três módulos, desenho de Peça (Part), Montagens
nais na área do Desenho e do Projecto Mecânico, talvez do
(Assembly) e definição de Desenhos de Fabrico (Drawing).
melhor que havia na Europa. Estes profissionais, que na sua
Em ambiente Part e para a definição da generalidade dos
grande maioria possuíam qualificações ao nível de ensino in-
modelos 3D, começa-se por esboçar uma geometria 2D re-
termédio e desempenhavam funções técnicas associadas à
presentativa da forma do modelo que pretendemos obter.
sua profissão de forma cabal. O sucesso de qualquer projeto de então era repartido, de forma igualitária, entre o engenho e capacidade inovadora do projetista e as capacidades manuais dos diferentes operadores de máquinas, serralheiros, torneiros, fresadores, rectificadores, entre outros. No início estas ferramentas de CAD eram um pouco insípidas, a exigência no seu trabalho não ia muito para além do que já era exigido em estirador. As primeiras ferramentas de CAD permitiam sobretudo fazer mais depressa e não exigiam que os seus profissionais tivessem muita “habilidade” para o desenho manual para garantir um desenho com boa qualidade gráfica. Assim, a qualificação dos seus operadores passava exclusivamente por uma adaptação às ferramentas informáticas e não a uma mudança de filosofia de trabalho. No entanto, nos últimos anos assistiu-se a uma forte evolução na área do Desenho e Projecto Mecânico, especialmente após o aparecimento das ferramentas de CAD/ CAE vocacionadas para a modelação e projeto 3D. Esta forte evolução tem sido suportada pela extraordinária capacidade de adaptação da nossa indústria. Contudo, esta nossa reconhecida capacidade de adaptação a novas ferramentas e métodos não está a ser suficiente-
Após a definição dos esboços, estes softwares dispõem de
mente rápida e prevejo que muito menos o será no futu-
um grupo alargado de ferramentas que permitem modelar
ro. As novas ferramentas de CAD/CAE alargaram, e de que
qualquer corpo sólido a partir de geometrias 2D ou atuando
maneira, as áreas de intervenção de um desenhador ou de
directamente sobre o modelo. Esse conjunto de ferramen-
um projectista mecânico. Atualmente para se tirar o devido
tas, designadas por Features, permite através de operações booleanas comuns, adição, subtracção e intersecção construir qualquer modelo 3D pretendido. Apesar de es-
Texto escrito de acordo com a antiga ortografia.
tar sempre presente na nossa mente executar qualquer