Sustentabilidade ou insustentabilidade
Adriano A. Santos Departamento de Engenharia Mecânica
robótica
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Editorial
Politécnico do Porto
Os desafios que se nos colocam diariamente sobre a sustentabilidade parecem ter terminado. É verdade que foram publicadas, recentemente, notícias que remeteram para o fim dos recursos terrestes e como tal estaremos a “viver a crédito”. Assim, numa leitura nua e crua podemos ser levados a pensar que nada mais há a fazer para conservar o que já, segundo o World Wide Fund pertencente à Global Footprint Network, não se encontra disponível ou se encontra para lá dos limites de regeneração. Esta atitude será insustentável e, como tal, deverá ser assumida sim, mas como um ato de revolta e como o ponto de partida para ações de proatividade sustentável. Evidentemente que não poderemos ficar indiferentes aos fenómenos climatéricos que se têm vindo a desenrolar nos últimos anos um pouco por todo o mundo. Grandes incêndios como os de Pedrógão Grande em Portugal, de Mati na Grécia e muito mais estranho os fogos que deflagraram na Suécia, em territórios acima do Círculo Polar Ártico, são fenómenos que deverão despertar em nós, se ainda a possuirmos, a última réstia de consciência sustentável. Poderemos falar de muitos outros fenómenos que nos chocarão pela intensidade dos acontecimentos que irão desde as secas extrema, por exemplo na Austrália, às inundações descomunais na Índia e na China Central, entre outras. É evidente que muitos ou-
tros acontecimentos nos tem chamado à atenção para estes fenómenos pelo que não podemos pensar que a nossa ação não será importante e que representará muito pouco neste combate. Esta não será uma desculpa, esta é uma responsabilidade comum pelo que haverá que atuar na mudança de comportamentos com impacto ambiental pois, nunca conseguiremos ter “1,7 Terras para satisfazer as nossas necessidades". A redução da pegada ecológica passará pela redução do consumo de bens alimentícios e da fatura energética. A eficiência energética será acima de tudo, uma ação cívica que se traduz em atos simples de controlo dos gastos elétricos, menor uso dos sistemas de ar condicionado, na utilização dos transportes públicos, da bicicleta ou, de um modo menos eficiente, na partilha do carro nas deslocações diárias. Industrialmente deveremos também tomar como uma obrigação a implementação de medidas de eficiência energética, privilegiando a diminuição da emissão de gases de efeito estufa. Estes deverão ser considerandos como um dos critérios fundamentais, para além dos tradicionais critérios, custo e tempo, da equação de análise produtiva. Será que nós portugueses, estaremos preparados ou teremos vontade de assumir uma atitude que é de todos e como tal uma responsabilidade comum?