Indústria de moldes: o estado da arte
Manuel Oliveira Secretário-Geral da CEFAMOL – Associação Nacional da Indústria de Moldes
robótica
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DOSSIER SOBRE MÁQUINAS-FERRAMENTA
A indústria de moldes é um setor infra-estruturante e transversal que se encontra no caminho estratégico de desenvolvimento e criação de novos produtos.
Foto gentilmente cedida pela empresa Moldes RP.
Tendo por base fatores como o know-how e a experiência existente no mercado internacional, a cooperação interempresas e entre estas e universidades e centros de saber, ou a sua agressividade e competitividade, conseguiu angariar uma grande notoriedade pela qualidade, flexibilidade e soluções competitivas que apresenta ao mercado. Atualmente as capacidades das empresas não residem apenas na construção de moldes mas incorporam cada vez mais engenharia, design e desenvolvimento de produto, prototipagem, fabrico de acessórios e dispositivos de controlo ou a própria produção de peças e componentes, situação que abre todo um novo leque de oportunidades de negócio. Pelo quarto ano consecutivo, a indústria portuguesa de moldes atingiu va-
lores recorde, tornando-se 2015 o melhor ano de sempre em termos de produção e exportação do setor. O valor atingido ao nível das exportações – 591 milhões de euros – revela uma dinâmica de intervenção no mercado internacional, colocando Portugal como um dos maiores e mais importantes produtores de moldes para injeção de plástico à escala mundial (terceiro a nível europeu e oitavo em termos mundiais). Registando um crescimento de 6,5% face ao ano anterior, as exportações do setor assinalam um extraordinário aumento de 80% quando comparadas com valores de 2010, um facto verdadeiramente notável, principalmente quando tal é feito em mercados extremamente exigentes, altamente competitivos e com uma concorrência poderosa e reconhecida.
Alicerçado na indústria automóvel, que representa mais de 70% da produção portuguesa, mas sendo transversal a outras áreas industriais, os dados acima mencionados demonstram uma notável performance num contexto internacional de elevada e complexa competitividade para o qual muito contribuem a capacidade de flexibilidade e adaptabilidade aos requisitos dos clientes, o investimento tecnológico que tem vindo a ser realizado, o reforço de competências, a aposta na inovação e o conhecimento ou a otimização de processos e recursos. Competindo num mercado exigente e dinâmico, assistimos a uma época marcada por alterações profundas nos conceitos organizacionais, pela introdução de novas tecnologias e materiais, pela disseminação de informação e partilha do conhecimento, pela interação entre os diferentes agentes da sociedade, pela economia digital. Esta verdadeira revolução gera novos desafios, mas também novas oportunidades para as empresas que, certamente, irão passar pela proximidade e interação com os clientes, pelo desenvolvimento do trabalho colaborativo, pela eficiência de processos e pela comunicação de dados e informação em tempo real. Esta interação será cada vez mais ativa devendo as empresas de moldes ser envolvidas atempadamente nos processos de conceção e desenvolvimento de novos produtos ou componentes, reduzindo o time to market e otimizando recursos produtivos. As empresas portuguesas têm apostado fortemente em novas tecnologias de forma a garantir a performance requerida pelos seus clientes. Verificamos uma aposta forte nas tecnologias de maquinação (alta velocidade, cinco eixos), na robotização e automação de processos (paletização, células de produção, robots de alimentação, entre outros), nas tecnologias laser ou nas áreas de prototipagem rápida e rapid tooling. Também a fabricação aditiva e as diferentes tecnologias que a compõem