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a terceira coluna Durante as últimas décadas foram desenvolvidas em Portugal duas tecnologias renováveis para transformar a força da natureza em eletricidade. Em primeiro lugar, Portugal instalou uma capacidade enorme de centrais hídricas. Iniciou-se há dezenas de anos e a construção das centrais que fornecem grande parte da energia elétrica no nosso país ainda não está finalizada.
Karl Moosdorf Associação Portuguesa das Empresas do Sector Fotovoltaico
Mas as centrais hídricas precisam de uma matéria-prima para produzir energia elétrica: água. Os anos recentes mostram uma tendência – obviamente em consequência das alterações climáticas – de irregularidade na precipitação. Este facto torna imprevisível a produção da energia hídrica e condiciona as estimativas dessa produção. A partir de abril/maio a produção através da hídrica desce drasticamente e esta fonte de energia só recupera a sua capacidade em novembro/dezembro. Nos últimos 20 anos foi instalada uma outra tecnologia renovável de grande capacidade: a eólica. Entretanto, a produção de eletricidade através de parques eólicos ultrapassou os valores da hídrica e a tecnologia tornou-se na fonte renovável mais importante do país. Mas a produção de energia eólica não consegue resolver o problema da oscilação da produção hídrica por uma razão simples: também a eólica tem uma produção mais baixa no período entre abril e novembro.
os seus máximos entre abril e novembro, colmatando assim o vazio do verão. Até há pouco tempo, o preço elevado dos sistemas fotovoltaicos bloqueou este caminho mas, entretanto, este obstáculo está ultrapassado. O que faz falta é uma estratégia para instalar sistemas fotovoltaicos, seja em modelos centralizados ou descentralizados. No setor residencial, comercial ou industrial para autoconsumo, através da rentabilização dos telhados, mas também em grandes centrais de produção centralizada, especialmente em locais onde a radiação solar é mais abundante.
Gráfico 2 De 2008 a 2017, a tecnologia com um maior crescimento em potência instalada foi a eólica (2,26 GW). No entanto em termos relativos a tecnologia que mais cresceu foi a fotovoltaica, tendo evoluído de uma potência instalada residual para 481 MW.
Gráfico 1
Quem conhece a curva da produção do fotovoltaico sabe de imediato a resposta ao problema descrito anteriormente. Esta tecnologia, que ainda há poucos anos atrás se apresentava com preços elevados, entretanto consegue produzir eletricidade mais barata do que qualquer outra fonte de energia – seja renovável ou não renovável. E, ao contrário da hídrica e eólica, o fotovoltaico mostra o seu máximo de produção exatamente na altura em que as outras fontes têm pouca capacidade. Estas condições permitem a construção de uma terceira coluna para suportar o nosso sistema energético. O fotovoltaico – ao nível mundial já é a maior tecnologia instalada em 2017 – pode produzir 4
O Gráfico 2 mostra bem que o fotovoltaico, como terceira coluna, tem uma capacidade de crescimento muito elevada. A rede elétrica pode suportar esta capacidade sem grandes investimentos, se a instalação do fotovoltaico for acompanhada por várias medidas. Para balancear a rede, podem ser usadas as hídricas para armazenar a energia produzida durante o dia. Deve ainda ser criado um mercado que incentiva a utilização da energia elétrica de forma mais eficiente. O investimento nesta terceira coluna pode ser suportado completamente pela economia privada. Considerando que o fotovoltaico consegue produzir a preços competitivos, o apoio do Estado reduzir-se-ia à criação de condições favoráveis em termos de legislação e de garantia de modelos de negócio para períodos prolongados, que permitem a rentabilização dos investimentos. O Gráfico 3 mostra a contribuição das energias renováveis no cenário de desenvolvimento normal. A instalação da terceira coluna podia aumentar drasticamente os valores indicados, criando postos de trabalho não só na própria