editorial
eólica, um recurso renovável com expressão
Amadeu Borges Diretor
No ano de 2001, a potência instalada era de 114 MW distribuída por 173 aerogeradores, localizados em 16 parques. Rapidamente, em menos de 3 anos, o número de parques eólicos já era de 71, totalizando 441 aerogeradores num total de 537 MW de potência instalada. Nesta altura, a energia eólica já fazia parte do mix de produção de eletricidade em Portugal. Em 2008, com 1427 aerogeradores e mais de 2600 MW instalados, já contribuía com 4% para o consumo final de eletricidade. Mas, na verdade, ninguém imaginaria que, apenas 10 anos depois, a energia eólica representasse 21,48% da produção de eletricidade em Portugal Continental. Registou-se, em março de 2018, uma produção de quase 2000 GWh superando, largamente, o somatório da eletricidade proveniente do carvão, do gás natural e da cogeração fóssil. Foi ultrapassada, apenas, pela produção hídrica. Nas regiões autónomas, a produção de eletricidade de origem
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Quando, em 1986, o primeiro parque eólico foi construído na ilha de Porto Santo, ninguém imaginaria o sucesso em que se tornaria e que, pelas evidências, por todos é reconhecido. Os aproveitamentos eólicos começaram lentamente em Portugal mas, após a viragem do milénio, ganharam um lugar bem presente nas imagens dos portugueses.
eólica representa 14,70% na Madeira e 3,98% nos Açores. Os números falam por si: em 2017, a produção de eletricidade proveniente de parques eólicos atingiu 11,97 TWh, tendo em 2016 atingido 12,19 TWh. A produção eólica em Portugal Continental é muito diferente de distrito para distrito, salientando-se os distritos de Viseu, Vila Real e Coimbra, com 1093,4 MW, 665,0 MW e 632,0 MW, respetivamente, de potência instalada em 2017. Nesta altura, algumas questões poderiam ser colocadas. Por exemplo, o que ganharam as populações locais quando, também, destas regiões, se extrai uma boa parte da produção hídrica nacional e se continua a assistir, diariamente, a uma discriminação do interior? Em 2017, a potência instalada superava os 5300 MW, evidenciando um menor crescimento do que na primeira década do século, uma vez que em 2012, a potência instalada
Os números falam por si: em 2017, a produção de eletricidade proveniente de parques eólicos atingiu 11,97 TWh, tendo em 2016 atingido 12,19 TWh.
já era de 4400 MW. Esta menor tendência de crescimento já seria expectável, uma vez que começaram a existir menos locais com um potencial de aproveitamento e em 2013, com a revisão das políticas, terminou o regime bonificado. Contudo, a falta de locais com viabilidade para implantação de parques eólicos não será um obstáculo à continuidade do aumento da capacidade instalada em energia eólica no nosso país. Em outubro deste ano foi anunciado, para 2019, o primeiro parque eólico flutuante, com localização a 20 quilómetros da costa de Viana do Castelo, com uma potência instalada de 25 MW da responsabilidade da empresa Windplus, uma companhia subsidiária da EDP Renováveis, Repsol e Príncipe Power. Fruto de um desenvolvimento consistente, sem qualquer margem para dúvida, a produção eólica faz parte do quotidiano português e dela passou-se a depender para evitar o uso de combustíveis fósseis para a produção de eletricidade diminuindo, com impacto positivo, a importação de energia do exterior. Tudo fosse tão bom como tem sido com os aproveitamentos eólicos e Portugal já seria, muito provavelmente, um país diferente no que diz respeito à importação de energia e à consequente emissão de GEE. Se para a eletricidade fóssil, a eólica e a hídrica são alternativas que fazem um aproveitamento dos nossos recursos endógenos de forma sustentável, para os combustíveis rodoviários, as soluções tardam a aparecer. Resta saber porquê.