biogás, um potencial energético por aproveitar, com capacidade para reduzir a dependência energética

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editorial

Amadeu Borges Diretor

Os resíduos existem e as tecnologias para a sua valorização também: a biodigestão e a gasificação. Esta última tem sido relevante em Portugal, enquanto que a primeira, basicamente, surge nos aterros sanitários, onde a natureza se encarrega de produzir um gás constituído por metano e dióxido de carbono a que chamamos biogás. Facilmente se conclui que muitos dos resíduos produzidos não têm a valorização e o contributo que poderiam ter na economia nacional.

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biogás, um potencial energético por aproveitar, com capacidade para reduzir a dependência energética do exterior e de minimizar o impacto ambiental Portugal, como a maioria dos países da União Europeia, tem uma forte dependência de abastecimento energético a partir de um conjunto reduzido de áreas geográficas. Esta dependência induz uma procura global de energia e, consequentemente, ao aumento dos preços do petróleo e do gás. O elevado consumo de energia verificado na maioria dos países desenvolvidos conduz a uma sobre-exploração dos recursos naturais – que são finitos – e a um aumento dos gases com efeito de estufa resultantes da sua combustão. Assim, torna-se necessário procurar fontes alternativas de energia que possam, simultaneamente, contribuir para assegurar o fornecimento de energia à escala mundial e diminuir as emissões dos gases com mais influência no efeito de estufa. Não obstante da dependência externa, Portugal possui recursos endógenos passíveis de serem convertidos em energia, mais concretamente em gás combustível. Curiosamente, muitos destes recursos, quando não tratados devidamente, possuem um impacto negativo no meio ambiente, ou as alternativas da não valorização energética implicam investimentos elevados. Desta forma é imprescindível valorizar recursos como os resíduos sólidos urbanos (RSU), os resíduos do setor agropecuário e das ETAR. Em Portugal, tanto nas áreas rurais como nas urbanas, são produzidas, anualmente, grandes quantidades destes resíduos. Os resíduos existem e as tecnologias para a sua valorização também: a biodigestão e a gasificação. Esta última tem sido relevante em Portugal, enquanto que a primeira, basicamente, surge nos aterros sanitários, onde a natureza se encarrega de produzir um gás constituído por metano e dióxido de carbono a que chamamos biogás. Facilmente se conclui que muitos dos resíduos produzidos não têm a valorização e o contributo que poderiam ter na economia nacional. Em termos de utilização, o biogás tem sido combustível, fundamentalmente, na produção de energia térmica (queimado em caldeiras para a produção de água quente) e de energia elétrica (queimado em grupos eletroprodutores, baseados na combustão interna). Olhando para a constituição do biogás, extraindo o dióxido de carbono e outras impurezas, através de processos de limpeza e de purificação, ficaríamos com um gás combustível em tudo semelhante ao gás natural, podendo o mesmo ser injetado nas redes que abastecem o país de gás natural, ou, mesmo ser utilizado em veículos a gás natural. A qualidade do biogás é crucial para se obter o máximo rendimento da instalação e na durabilidade dos equipamentos. Para aumentar a qualidade do biogás será necessário efetuar a sua limpeza e purificação. A purificação permite, ainda, diminuir o espaço ocupado no armazenamento e cumprir as normas de qualidade, caso seja para injetar na rede de gás natural. Durante a purificação é removido o CO2, com o objetivo de aumentar o poder calorífico, o H2S, para evitar a corrosão dos equipamentos, a água (H2O), para evitar a formação de condensados potencialmente corrosivos nas tubagens e equipamentos e a NH3, para evitar a corrosão e a libertação de NOx, nesta altura fará sentido utilizar a designação de biometano. Facilmente se demonstra o potencial energético que todos os dias fica por valorizar, ao mesmo tempo que muitos destes resíduos se traduzem por impactos negativos no meio ambiente. Fica, no entanto, a faltar o incentivo à produção de biogás como forma de redução da nossa dependência energética, ao mesmo tempo que diminuímos riscos ambientais e promovemos a sustentabilidade do país.


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