editorial
é urgente repensar a estratégia para a energia em torno dos recursos endógenos Amadeu Borges Diretor
Só quando houver a coragem de ser feito um trabalho sério, envolvendo as empresas, as instituições de investigação e os decisores políticos, deixando de lado interesses secundários, através de uma análise detalhada dos nossos recursos endógenos e tecnologias disponíveis, o problema será resolvido.
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3 UYI JE^ JEPXE TEVE UYI YQ TEuW GSQ VIGYVWSW IRHzKIRSW EFYRHERXIW I HMZIVWM½GEHSW TSWWE desenvolver uma estratégia para a sua conversão em energia útil? O que faz falta para que um país, fortemente dependente do exterior em termos de energia, possa valorizar energeticamente os seus recursos endógenos? Estas são duas das muitas questões que muito tenho ouvido nos últimos tempos, sempre em torno dos VIGYVWSW IRHzKIRSW HI 4SVXYKEP I UYI ERS ETzW ERS ½GEQ TSV ZEPSVM^EV IRIVKIXMGEQIRXI Num ano especialmente seco, que se segue a outros dois onde a pluviosidade não foi considerável e que, ainda em período de inverno, se falava dos baixos níveis de água nas albufeiras, muitas questões são colocadas sobre as consequências imediatas nos preços da eletricidade. Preocupação legítima de quem paga a fatura. E mal começa a primavera, começam, também, os incêndios, apesar de uma panóplia de legislação recentemente criada que visa, na essência, a redução destas fatais ocorrências. E até aqui, dois problemas, aparentemente sem solução. Por um lado, os aproveitamentos hídricos que poderão não cumprir a quota habitual na produção, fomentando as importações de energia. Por outro lado, a biomassa que arde sem qualquer aproveitamento útil. E, a continuar assim o ano seco e quente, o consumo de energia certamente aumentará, sem que dentro de fronteiras existam soluções para compensar. Certamente muitos pensarão que os aproveitamentos eólicos e solar fotovoltaicos vão compensar a muito provável falta de capacidade de produção das hídricas. Sabemos que não será assim. Sabemos, também, que para além dos recursos já referidos, pouco mais está disponível e que muito ½GE TSV ZEPSVM^EV IRIVKIXMGEQIRXI É urgente repensar numa estratégia que equacione todo o potencial dos nossos recursos, até porque, muitos deles, quando não valorizados podem, inclusive, trazer consequências negativas para o ambiente. Para quando uma estratégia nacional para a biomassa, que contemple todas as formas de apresenXEpnS I UYI GSRXIQTPI RnS Wz E FMSQEWWE ¾SVIWXEP mas também a resultante das explorações agropecuárias e os resíduos sólidos urbanos? O que faz falta para que processos de conversão GSQS E HMKIWXnS EREIVzFME I E KEWM½GEpnS GSQIcem a fazer parte do nosso dia a dia, valorizando energeticamente a biomassa na forma de combustível gasoso? Isto apenas para falar em algumas, mas muitas mais tecnologias e processos de valorização poderiam ser equacionados, como por exemplo os aproveitamentos solares termoelétricos, que em Portugal são desconhecidos, mas que em Espanha já mostraram o seu potencial. São tantas as perguntas e poucas são as respostas. A verdade é que, só quando houver a coragem de ser feito um trabalho sério, envolvendo as empresas, as instituições de investigação e os decisores políticos, deixando de lado interesses secundários, através de uma análise detalhada dos nossos recursos endógenos e tecnologias disponíveis, o problema será resolvido. f YVKIRXI HMZIVWM½GEV E RSWWE QEXVM^ IRIVKqXMGE EXVEZqW HE ZEPSVM^EpnS HSW VIGYVWSW IRHzKIRSW HMWTSníveis, sem embarcar em projetos megalómanos e em soluções que em nada contribuem para o equilíFVMS ½RERGIMVS HS TEuW I QYMXS QIRSW HSW TSVXYKYIWIW Com muita pouca margem para dúvida, este será o ano ideal para o desenvolvimento de uma estratégia concertada para a valorização dos muitos recursos endógenos existentes no nosso país e que insistimos em desprezar.