manutenção, requalificação e fontes de energia renovável para a melhoria da eficiência energética no

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editorial

manutenção, requalificação e fontes de energia renovável para a melhoria da eficiência energética nos edifícios públicos Amadeu Borges Diretor

Desde que Portugal passou a pertencer a uma Europa em comunidade, o investimento em novos edifícios passou a ser a primeira opção. Tempos houve em que haveria capacidade de investimento para a construção de raiz, não existindo essa mesma capacidade de investi‑ mento para a requalificação do edificado exis‑ tente. Talvez estes sejam tempos de mudança. Para a maioria das instituições, a capacidade de investimento na requalificação é escassa e muitas vezes tão escassa que a manutenção dos sistemas instalados é esquecida. Obviamente, qualquer gestor coloca em pri‑ meiro lugar o pagamento de salários, deixando o que sobra para o pagamento das despesas correntes como água e energia. Na altura do pagamento destas despesas fundamentais para o funcionamento de qualquer instituição, facil‑ mente se percebe que se tratam de despesas sempre crescentes, mês após mês, ano após ano. Não existem soluções milagrosas para colma‑ tar estas despesas, havendo apenas dois cami‑ nhos e o de não gastar não é solução. Resta, apenas, a solução do consumo eficiente que só será possível se houver investimento, embora alguma melhoria seja conseguida caso exista alteração de comportamentos. Contudo, não será suficiente. Apesar dos tempos de retorno em medidas de melhoria da eficiência energética serem, na maioria das situações, relativamente baixos, graças ao preço elevado da energia, o investi‑ mento inicial torna os investimentos em gran‑ des edifícios quase proibitivos. Nesta situação encontram-se muitos edifícios da Administra‑ ção Local e Central, cujas despesas são, na maioria dos casos, suportadas pelo Orçamento de Estado. Não será fácil adivinhar quanto seria necessá‑ rio investir no parque edificado do Estado para que o consumo de energia fosse o estritamente necessário e realizado de forma eficiente. Mas, certamente, dentro de poucos anos, a despesa 2

Numa altura em que os temas da melhoria da eficiência energética e do recurso às fontes renováveis de energia fazem notícia diariamente, não será difícil encontrar edifícios da Administração Pública Central, mesmo para os mais distraídos, com sistemas e comportamentos de reduzida eficiência energética. corrente do Estado iria apresentar uma grande redução. Nesta altura poderia escrever sobre a Intensidade Energética de Portugal em com‑ paração com os restantes países da Comu‑ nidade Europeia e que a mesma, num curto espaço de tempo, poderia ser reduzida se para tal houvesse vontade política. Acreditando na possibilidade deste pensamento utópico, o Programa Operacional Sustentabilidade e Efi‑ ciência no uso de Recursos (POSEUR), com mecanismos de apoio através de candidatura, vai certamente ajudar muitas instituições das Administrações Local e Central, com falta de capacidade de investimento, a melhorar a sua fatura energética, enquanto contribuem para a diminuição das emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE). Outros mecanismos de apoio têm sido colocados à disposição das institui‑ ções através do P2020. Falando especificamente do Programa de apoio para a melhoria da Eficiência Energética nos Edifícios da Administração Pública Cen‑ tral promovido pelo POSEUR, os resultados começam a ser visíveis, quer ao nível do inves‑ timento, quer ao nível da redução no consumo de energia e nas emissões de GEE associados. A substituição de equipamentos obsoletos por outros que se traduzam na manutenção da qualidade de vida, ao mesmo tempo que é reduzido o consumo de energia, é a solu‑ ção sempre mais evidente traduzindo-se, como é óbvio, numa redução, muitas vezes quase imediata, da fatura de energia. Contudo, o conjunto de medidas que poderá ser mais inte‑ ressante é o que recorre à produção de ener‑ gia, seja elétrica ou térmica, a partir de fontes renováveis. Produzir eletricidade, para autoconsumo, nos edifícios da Administração Pública, recor‑ rendo a sistemas fotovoltaicos, contribui para a redução da fatura de energia e das emissões de GEE, ao mesmo tempo que é garantida alguma independência dos preços crescentes

Produzir eletricidade, para autoconsumo, nos edifícios da Administração Pública, recorrendo a sistemas fotovoltaicos, contribui para a redução da fatura de energia e das emissões de GEE, ao mesmo tempo que é garantida alguma independência dos preços crescentes no mercado de eletricidade. Trata-se de uma poupança ativa. no mercado de eletricidade. Trata-se de uma poupança ativa. Num outro vértice do um mesmo problema estão as necessidades de energia térmica para aquecimento, que podem ser colmatadas com sistemas baseados em biomassa. As vantagens são, também, óbvias, para além da utilização de uma fonte de energia que, de forma escassa, tem sido aproveitada em Portugal. Estes são apenas dois exemplos em como a melhoria da eficiência energética nos edifícios pode, também, garantir parte da sustentabili‑ dade das instituições, contribuindo para a cria‑ ção de independência energética do exterior e para a redução das emissões de GEE e da intensidade energética. Concluindo, sem investimento na manuten‑ ção e na requalificação de edifícios e de siste‑ mas, muito dificilmente Portugal poderá estar de consciência tranquila no que respeita ao consumo eficiente de energia e às emissões de GEE. Os programas de apoio vão aparecendo e têm demonstrado capacidade de fazer o que já deveria ter sido iniciado há muito tempo. É necessário continuar e manter os programas de financiamento ativos: embora não sejam programas a fundo perdido, os investimentos realizados são amortizados pelas poupanças produzidas ao longo do tempo.


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