João Vilhete Viegas d’Abreu1 e Maria de Fátima Garcia2 Universidade Estadual de Campinas-NIED, jvilhete@unicamp.br 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte-CERES/DEDUC, maria_defatima@yahoo.com.br 1
No contexto de ensino e aprendizagem costumamos categorizar o ambiente de trabalho em Robótica Pedagógica (RP), como sendo o espaço no qual a concepção, design, construção automação e controlo de dispositivos robóticos leva à aprendizagem de conceitos científicos. Quando este processo ocorre numa sala de aula, Figura 1, em que a prática da RP privilegia o aluno de conteúdos curriculares podemos dizer que a robótica está integrada ao currículo.
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Dossier sobre Automação Cognitiva e Robótica
Robótica Pedagógica e currículo escolar
Figura 1. Alunos numa sala de aula de Robótica Pedagógica.
DESENVOLVIMENTO A robótica pode ser entendida como uma forma de automação industrial, um conjunto de conceitos básicos de Mecânica, Cinemática, Automação, Hidráulica Informática e Inteligência Artificial, dentre outros envolvidos no funcionamento de um robot. Isto é uma combinação das engenharias: Mecatrónica, Elétrica, Mecânica, Industrial, Computação, Civil, Arquitetura, com a Economia, Física, Química, Matemática, Biologia, dentre outras, Ciências de Referência, que juntas possibilitam a implementação de dispositivos robóticos que são utilizados para a realização de uma determinada tarefa. A RP, por sua vez, pode ser entendida como a utilização de aspetos/abordagens da robótica industrial num contexto no qual as atividades de construção, automação e controlo de dispositivos
robóticos propiciam a aplicação concreta de conceitos, num ambiente de ensino e aprendizagem (D’Abreu, 2002). Neste sentido, na área da RP o desenvolvimento de dispositivos robóticos automatizados está muito relacionado com o uso de atuadores sensores e plataformas eletrónicas que são os componentes usados na automação destes dispositivos como mostra a Figura 2. Portanto é importante que os alunos e professores da educação básica que
Figura 2. Alguns componentes eletroeletrónicos da RP.
vierem a atuar na área de RP aprendam a utilizar os mais variados sensores e atuadores utilizados no campo da robótica. A RP pode ser constituída como uma componente curricular, não somente dentro das ciências exatas, mas também das ciências humanas e sociais. A sociedade atual impõe-nos, diariamente, procuras sociais e inovações tecnológicas que podem ser inseridas no mundo da RP tornando-a uma componente escolar mais interdisciplinar possível, como por exemplo, no que refere aos Estudos Étnico-Raciais, componente curricular presente nas escolas brasileiras, como resposta à Lei 10639/03 que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Africana e Afro-Brasileira. Ao currículo deve-se, primeiramente, problematizar: “A quem se destina este currículo?” Às respostas devem-se adequar os conteúdos e conceitos, ferramentas pedagógicas, campos disciplinares do conhecimento, metodologias de ensino e práticas pedagógicas. Sabendo-se que a educação e muito menos o currículo não são neutros, portanto estão em contraposição, toda a ação educativa é política porque engendrada em contextos sociais sempre tensionados pelas diversas culturas e pela economia, esta última geradora de exclusões e desigualdades, o desafio está no desenvolvimento de ações que possibilitam integrar a RP ao currículo, de forma que exista um diálogo transformador tanto entre os pares - colegas professores - quanto entre as disciplinas, para uma troca de ideias. Para Paulo Freire, o diálogo começa quando o educador pergunta em torno “de quê” ele vai dialogar com os seus alunos e de que maneira tal diálogo tornar-se-á emancipador para a