Robótica colaborativa na realidade atual (Covid-19)
robótica
César Neto, Coordenador de Marketing Nuno Moreira, Engenheiro de Aplicações Robóticas FANUC Iberia
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Dossier sobre Robótica colaborativa
2020 é um ano que vai ficar marcado na história da humanidade. Se há um ano nos falassem de uma pandemia que viria a afetar todo o mundo, que nos obrigasse a ficar em casa e a andar de máscara na rua, pensaríamos que se tratava de um trailer de um filme de ficção científica.
Nestes meses em que vivemos em situação de emergência sanitária, muitas foram as notícias sobre medidas de segurança, restrições e recomendações para evitar um possível contágio, seja na rua ou no local de trabalho, por exemplo. Estamos a viver dias complexos, a enfrentar um contexto muito diferente de tudo a que estávamos habituados. Contudo estamos também a adaptar-nos para fazer face a esta realidade, sendo que a tecnologia está a ter e terá um papel cada vez mais importante na vida quotidiana. Toda esta situação estimulou a nossa capacidade de adaptação e, num período muito curto, as fábricas modificaram as suas linhas de produção, adaptando-as para satisfazer a crescente procura de equipamento de proteção individual, ventiladores e componentes médicos. Fábricas de perfumes tornaram-se centros de produção de desinfetantes, um dos bens mais importantes para enfrentar a pandemia. Na área do vestuário, muitas empresas começaram a produzir máscaras de proteção pessoal,
e na indústria médica verificou-se uma restruturação das fábricas e das linhas de produção para que estas fabriquem diferentes componentes em larga escala. Verifica-se ainda que em alguns setores, nomeadamente no setor farmacêutico, há relatos de que algumas empresas estão a analisar a possibilidade de diversificar as suas linhas de produção para reduzir a dependência de outras fábricas e de outros países. Esta
aposta em muitos casos implicará a criação de novas linhas de produção e até de novas fábricas. O processo de mudança já está a ocorrer, e a adaptação aos mercados de forma rápida, flexível e eficiente, que anteriormente já era uma tendência, com a situação em que vivemos tornou-se quase uma “obrigação” e torna-se evidente que a automação desempenhará um papel fundamental para a flexibilização produtiva de empresas dos mais variados ramos e setores. A questão que agora se coloca é: qual o papel da robótica colaborativa industrial neste processo? Que os robots industriais deixaram de ser vistos como o futuro para ser o presente é, atualmente, uma evidência. Uma parte importante desta tendência deve-se ao crescimento da competitividade do sector a nível global. Isto contribui para que a indústria permaneça em constante evolução, podendo levar a cabo produções mais rentáveis e com maior qualidade. Assim, tanto as necessidades da própria indústria como a nova revolução IIoT (Industrial Internet of Things) fazem com que os robots tenham cada vez mais funcionalidades e tenham evoluído até surgirem os iCobots (robots colaborativos industriais). Se no passado víamos os robots industriais a trabalhar separados das pessoas, as barreiras de proteção não permitiam que ninguém interferisse no seu trabalho, há mais de dez anos nasceu o conceito de robótica colaborativa, um novo conceito de robótica, onde os operários e os robots partilham o mesmo espaço e trabalham em conjunto de forma totalmente segura. Estamos a falar de robots capazes de construir sinergias com trabalhadores, bem como trabalhar de forma totalmente automatizada, libertando assim o operário das tarefas mais perigosas e repetitivas. Sem dúvida, este novo conceito de robot trouxe consigo uma revolução na indústria da automação. Agora é possível unir o trabalho físico, pesado e repetitivo