fontes alternativas de biomassa para energia

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dossier sobre biomassa

fontes alternativas de biomassa para energia Luís Oliveira Amadeu Borges, amadeub@utad.pt

Sumário O consumo de energia está associado a todas as atividades do ser humano. O desenvolvimento económico e o crescimento desordenado das populações associado ao estilo de vida da sociedade moderna, levantam uma grande preocupação com o meio ambiente e as suas fontes de energia. Existe, por isso, a necessidade de tomar ações no controlo do consumo energético decorrente da atividade humana bem como no fornecimento adequado e sustentável de energia. As alterações climáticas estão na ordem do dia. A emissão de gases de efeito de estufa (GEE) representa uma grande contribuição na alteração das caraterísticas físico-químicas da atmosfera, comprometendo o equilíbrio natural da biosfera e da qualidade de vida no Planeta. A busca por fontes de energia renovável e limpas surge como alternativa para reverter, controlar e mitigar os problemas causados pelos GEE. A biomassa é uma das maiores fontes de energia disponíveis nas áreas rurais e agroindustriais [1]. Denomina-se por biomassa, os resíduos naturais e resultantes da atividade humana. São biomassa os subprodutos da agropecuária, da floresta ou da exploração da indústria da madeira. Procurando soluções para a utilização destes resíduos, com menor impacto ambiental do que as soluções convencionais, a produção de energia útil, limpa e renovável, sob a forma de biocombustível sólido para utilização em sistemas de aquecimento é, de facto, a escolha imediata. Biomassa de dejetos de suíno Colatto et al. afirmaram em 2011 que a produção animal é uma das atividades de grande impacto ambiental, considerada pelos órgãos de controlo ambiental como uma das causadoras de degradação, tendo um grande potencial poluidor no que diz respeito aos recursos hídricos [2]. Quando dejetos de origem animal são despejados em rios, lagos ou no meio ambiente, são emitidos GEE para a atmosfera, como o dióxido de carbono. Seja pelos aspetos ligados à transmissão de doenças e, portanto, à saúde pública, seja pela contaminação de cursos de água e lençóis freáticos ou mesmo por questões sociais, esta atividade encontra-se no centro das atenções das discussões ambientais. Por essa razão, é incentivada a procura de soluções que minimizem ou eliminem os fatores negativos decorrentes da atividade agropecuária, ou seja, transformar problemas como dejetos em produtos menos agressivos para o meio ambiente e economicamente viáveis. A suinicultura é uma das atividades responsáveis pela aglomeração de grandes quantidades desta biomassa [3]. Colatto et al., em 2011, concluíram que o uso da biomassa animal, diminui não só a capacidade poluidora das suas fezes, mas também o volume diário de GEE emitido pelos mesmos [2]. 38

A composição química dos dejetos de suíno depende de vários fatores como raça e idade do animal, método e tipo de alimentação [4]. Na Tabela 1 pode ver-se a composição típica dos dejetos de suíno. Matéria Kjeldhal NH4/N a orgânica C (%) N (%) (%)

Cinzas (%)

NDF b (%)

ADF c (%)

ADL d (%)

Chorume Fresco

0,39

0,74

1,00

0,52

1,16

0,60

0,31

0,16

Fração sólida

0,62

0,45

13,50

6,74

2,59

11,29

6,13

3,10

Fração líquida

0,34

0,76

0,60

0,29

0,80

0,17

0,08

0,04

Fração líquida digerida

0,32

0,88

0,50

0,23

0,69

0,06

0,03

0,02

a NH4 to N Kjeldhal ratio. c Acid detergent fibre.

b Neutral detergent fibre. d Acid detergent lignin.

Tabela 1 Composição química típica dos dejetos de suíno [5].

O teor de carbono e matéria orgânica presentes na biomassa fresca concentram-se principalmente na fração sólida, que apresenta o potencial de ser transformada e utilizada como biomassa sólida. Por comparação com a biomassa florestal (Tabela 2), conclui-se que a maior preocupação será em reduzir o teor de cinzas, não apresentando, no entanto, valores elevados de lignina.

Matéria orgânica (%)

C (%)

Cinzas (%)

Lignina (%)

5

49 - 50

0,5

28

Tabela 2 Composição química da biomassa florestal [6].

Procedimento de análise Após a recolha da fração sólida de dejetos de suíno é determinada a energia necessária para a secagem desta biomassa, contendo um teor de humidade de aproximadamente 66%. É depois estilhada e triturada antes de determinado o seu poder calorífico. Com a biomassa triturada procede-se à produção de pellets (Figura 1). Tendo em conta o substancial teor de cinzas da utilização de dejetos de


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