Uma realidade incontornável: a nova era da Mobilidade Inteligente e das Cidades Inteligentes

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Susana C. F. Fernandes Coordenadora e docente do Curso Técnico Superior Profissional em Design e Inovação Industrial do Instituto Politécnico da Maia – IPMAIA Docente na Licenciatura de Engenharia Mecânica no Instituto Superior de Engenharia do Porto – ISEP Investigadora no LAETA – Laboratório Associado de Energia, Transportes e Aeronáutica – FEUP

Num mundo cada vez mais urbano, mais de três quartos da população dos países desenvolvidos vivem em áreas urbanas. Embora os níveis e as tendências da urbanização estejam próximos dos padrões globais de industrialização e de desenvolvimento económico, este crescimento urbano representa uma transformação notável quando comparada com a situação no início do século XX, em que apenas 13% da população vivia em áreas urbanas e havia apenas 16 cidades no mundo com pelo menos 1 milhão de pessoas [1].

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Uma realidade incontornável: a nova era da Mobilidade Inteligente e das Cidades Inteligentes

Figura 1. Tokyo Yokohama: Japão, +37 Milhões de habitantes (2030) – (DESA – United Nations, 2016). Fonte da imagem: www.wallpaperup.com/229254/Japan_Tokyo_cityscapes_Yokohama_city_lights.html.

O número de megacidades (isto é, cidades com 10 milhões de habitantes ou mais) quase triplicou desde 1990 e, em 2030, 41 novas aglomerações urbanas estão projetadas para acolher, pelo menos, 10 milhões de habitantes cada [2], representando 8,7% das pessoas no mundo [1]. Em 2016, das 31 megacidades mundiais, 24 localizavam-se nas regiões menos desenvolvidas ou no “Sul Global”. Só a China tinha 6 megacidades e a Índia 5. Apesar do declínio previsto de quase 1 milhão de habitantes, espera-se que Tóquio (Japão) (Figura 1) continue a ser a maior cidade do mundo em 2030, seguida por Nova Deli (Índia), que deverá adicio-

nar cerca de 10 milhões de pessoas entre 2016 e 2030, seguida por Shanghai (China), Mumbai (Índia) e São Paulo (Brasil) [1]. Viver nas cidades implica, cada vez mais, tempo gasto em transportes urbanos. Em especial, nas cidades de maior dimensão, a deslocação para o trabalho tornou-se um verdadeiro desafio da vida quotidiana (Figura 2). Atualmente, as questões inerentes à mobilidade urbana têm assumido grande destaque, principalmente devido ao crescente caos urbano observado em várias cidades em que os investimentos nos transportes públicos e infraestruturas de apoio à mobilidade foram insuficientes.

A grande linha divisória, em termos de modos de transportes nas cidades, reside no poder económico e no meio mais facilmente acessível e confortável para supressão das necessidades diárias de mobilidade [3-5]. São disso exemplos a utilização do automóvel ou, em alternativa, o recurso a serviços de transporte público. O conceito de mobilidade pode ser definido como o conjunto de deslocamentos de vários meios de transporte, enquanto a mobilidade urbana sustentável pode ser definida como o resultado de um conjunto de políticas de transporte e movimentação, que visam proporcionar um acesso amplo e democrático ao espaço urbano [6]. O congestionamento do tráfego rodoviário é um problema em muitas cidades, razão pela qual muitos países têm apostado na melhoria das estradas e infraestruturas, para que os utilizadores dos transportes rodoviários tenham melhores condições de mobilidade, acessibilidade, conforto e segurança [6-7]. Apesar das crescentes melhorias nas rodovias, o planeamento dos transportes

Figura 2. A capital chinesa, Pequim (agosto de 2013). Fonte da imagem: www.scmp.com/news/ china/article/1298559/beijing-still-struggling-deal-traffic-congestion.


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