Neste grupo aparentemente mais resistente à inovação presente no 3D, a taxa de penetração da tecnologia tem sido pouco expressiva. Não existem culpados diretos a apontar para este facto, existem antes uma série de circunstâncias que se tornaram num misto de mitos e receios para este grupo de utilizadores. Com valores de mercado acima dos 1000,00€ indo até aos 6000,00€ é fácil compreender que para a maioria das famílias o investimento inicial na tecnologia não é viável, no entanto existem inúmeras alternativas mais em conta que são descuradas e que facilmente se enquadrariam nos orçamentos familiares. O tempo de impressão dos objetos é visto muitas vezes como um fator negativo. Tempo traduz-se sempre em custo, consideremos uma simples pulseira e os dois cenários possíveis: 1. Escolhe-se ou modela-se a pulseira, imprime-se na cor que mais agradar num tempo médio de 2:30h com um custo totalmente irrisório, enquanto esta imprime faz-se uma refeição em família e no fim sai-se para um passeio; 2. Sai-se com a família até a loja de bijuteria de centro comercial, aproveita-se para fazer uma refeição, passeia-se pelas lojas entra-se numa ou outra e fazem-se compras, chegando finalmente à bijuteria fica-se limitado na escolha às pulseiras e cores que existam em stock, com um custo direto de alguns euros na pulseira e algumas dezenas de euros em tudo o resto.
Na verdade, será o preço do processo evolutivo das sociedades de consumo e da consequente falta de tempo, ao longo de muitas décadas fomos adquirindo uma certa miopia aos detalhes concentrando-nos mais nas aplicações práticas dos produtos, equipamentos ou gadgets que nos rodeiam, deixando os pormenores enfadonhos para os mais ávidos de saber. Tornámo-nos uma sociedade de meros utilizadores de tecnologia em que apenas alguns despendem algum do seu tempo a entender o seu funcionamento. Felizmente o aparecimento de conceitos como o open source e o open hardware têm ajudado a que num processo colaborativo o número de pessoas que questiona, testa, investiga, corrige e inova cresça, devolvendo-nos alguma da liberdade criativa e curiosidade com que nascemos e que fomos perdendo. A impressão 3D veio revolucionar muitas áreas e o verdadeiro limite das aplicações é a imaginação de cada indivíduo ou grupo. Nos grupos que rapidamente adotaram à impressão 3D encontramos a arquitetura, as escolas, as indústrias, os designers de produto, os makers, os hobbistas os FabLab’s entre outros. No entanto existe um grupo que começa a dar os primeiros passos no contacto com o 3D, os utilizadores domésticos.
QUE CENÁRIO NOS SERÁ MAIS AGRADÁVEL? Ninguém no agregado é modelador ou sabe modelar objetos em 3D. Tendo em conta o crescimento constante de livrarias na web que concentram largos milhares de objetos 3D prontos a imprimir ou adaptar às necessidades de cada um, o processo fica simplificado, ainda assim, existem programas de modelação que são básicos e intuitivos que para o utilizador doméstico a tarefa de modelar resulta num processo de aprendizagem bastante sim-
Artur Lourenço Think3D
Longe vão os tempos em que a inovação era um processo lento e fechado, atualmente vivemos num mundo em constante evolução, de tal forma que muitas vezes não é humanamente possível assimilar a grande maioria das inovações. Por esta ou aquela razão, a impressão 3D é uma realidade que ainda escapa à perceção da maioria das famílias mesmo quando confrontados com um objeto feito numa impressora, muitos nem se apercebem do pormenor de ter sido modelado e impresso em 3D.
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Impressão 3D no quotidiano: os mitos, os medos e a realidade