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IoT – Visão humanista e real 2.ª PARTE Luís Peixoto Consultor luispeixoto@netcabo.pt
Se, por um lado, a esperança de vida tem vindo a aumentar de forma consistente, o que se trata de uma excelente notícia, o total de nascimentos nas sociedades ditas mais avançadas é superado pelo total de óbitos. Por muitas e variadas razões o número médio de filhos por mulher deveria ser igual ou superior a 2, sobretudo por uma questão de sustentabilidade de diversos eixos da sociedade. Neste momento o valor pouco mais é do que 1,25. Caminhamos assim para ambientes, a curto e médio prazo, em que cada vez menos os mais idosos terão na sua família um suporte que lhes garanta acompanhamento e convivência merecida pelo que fizeram anteriormente aos mais novos. De há uns anos a esta parte vulgarizou-se que a institucionalização física dos mais idosos seria a solução conveniente e eficaz para que aos seniores fossem prestados os cuidados e atenções que os tempos modernos não possibilitam que sejam executados pelos familiares mais novos – filhos e netos. Institucionalizar fisicamente era a melhor solução para a família mas não, na maioria
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das vezes, para o idoso. Privar o idoso do ambiente do lar assim como também das suas relações mais chegadas como familiares e amigos de longa data revelavam-se tarefas muitas vezes difíceis e traumatizantes, independentemente das inquestionáveis qualidades de serviço, atendimento e atenção que a estes são prestadas pelas instituições. Os seniores de hoje são homens e mulheres que compreendem e se relacionam com um relativo desembaraço com a digitalização da sociedade – telemóveis, cartões multibanco, set top boxes, pequenos eletrodomésticos, entre outros – sendo estes sentimentos de alfabetização digital, dos quais são possuidores, os principais catalisadores para que aceitem a instalação, nos seus lares, de equipamentos de monitorização, de segurança e regulação do seu dia-a-dia cuja gestão esteja 24/24 assegurada remotamente por instituições vocacionadas para o apoio geriátrico. Os lares e centros de dias veem as suas capacidades físicas, dia após dia, esgotarem por falta de espaço para acolherem e responderem às necessidades de uma, cada vez maior, população sénior. A alternativa passa pelo recurso à Internet das Coisas (IoT)! O mercado disponibiliza, cada vez mais, soluções otimizadas e personalizadas para que as instituições de apoio geriátrico e
também as famílias consigam, de forma otimizada e adaptada, às necessidades de cada situação ter consciência e atualização sobre as rotinas dos séniores que necessitam de um apoio de seguimento. Não se pretende, de forma alguma, institucionalizar uma espécie de Big Brother, que controle indiscriminadamente os movimentos da pessoa sénior. Desde logo a aplicação de câmaras não é recomendada. O que se propõe é a aplicação das tecnologias IoT para monitorizar rotinas e gerar alertas de forma a garantir que o sénior, estando no seu lar, está seguro, cumpre rotinas como por exemplo alimentação e toma de medicamentos e que, caso algo de extraordinário e inesperado aconteça, um alerta seja gerado e os seus familiares e/ou instituição responsável pelo seu cuidado sejam alertados. As soluções mais simples passam por instalar em casa do idoso um sistema centralizado num pequeno equipamento, ligado à Internet, e ao qual se possam ligar através de tecnologias sem fios sensores (fugas de gás, aberturas de portas, movimento) e outros equipamentos como balança, medidores de tensão, …, sensores de equilíbrio, pulseiras de localização, entre outros. Nestes simples sistemas de monitorização podem ser configurados eventos que sendo considerados rotinas no caso de não acontecerem com a frequência prevista devam gerar alertas. Por exemplo o simples ato de não-abertura da porta do frigorífico durante um período da manhã pode indiciar que o sénior não terá tomado o pequeno-almoço. Ou ato de uma tomada de peso, numa balança, e caso o valor esteja fora da janela de parâmetros inicialmente ajustados devem gerar alerta. O próprio idoso, que viva sozinho, poderá possuir uma pulseira não só que permita a sua localização em caso de desaparecimento mas também que possibilite ao próprio gerar rapidamente um sinal de alarme em caso de queda ou um outro sentimento de desconforto. A IoT, cada vez mais presente no nosso dia-a-dia, será um grande aliado nas alterações comportamentais e de vivência que estamos a passar e terá muita importância na qualidade de vida de todos nós.