Manufatura Aditiva – onde estamos e para onde vamos?

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Manufatura Aditiva – onde estamos e para onde vamos?

robótica

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Nuno Marques de Oliveira Diretor Executivo da XPIM – 3D Printing

portugal 3d

Antes de começarmos, retiremos já um dos entraves terminológicos que mais frequentemente costuma surgir: Manufatura Aditiva (MA) e Impressão 3D são, fundamentalmente, a mesma coisa.

Com o decorrer do tempo e o uso das diversas técnicas de Impressão 3D, foram sendo usadas diferentes terminologias por diferentes entidades mas, no fundo, todas se referem a um processo produtivo onde um objeto é fabricado através da deposição (adição) sucessiva de camadas de material. Analogamente às técnicas de fabrico tradicionais, existem também diversas técnicas de Impressão 3D. Alguns exemplos são as técnicas FDM, SLS, SLA, entre outras; acrónimos que por vezes variam de marca para marca por serem tecnologias patenteadas, mas que fundamentalmente acabam por ser muito similares no seu princípio de funcionamento. Note-se que não existe “a melhor técnica de Impressão 3D”. Cada uma tem os seus prós e contras assim como campos de aplicabilidade. Olhemos então para o mercado da Impressão 3D. Este tem vindo a apresentar taxas de crescimento anuais na ordem dos dois dígitos e mesmo os mais reconhecidos analistas têm vindo a observar as suas projeções serem superadas ano após ano. Como qualquer mercado que demonstre ter um potencial de crescimento enorme, este já foi alvo de especulação e consequen-

temente uma bolha, que rebentou no início de 2014. Desde então, os índices (SSYS e DDD) dos dois maiores fabricantes mundiais de impressoras 3D à data têm vindo a descer, sendo que apenas começaram a estabilizar no início de 2016. Ao mesmo tempo, alguns gigantes da Impressão 2D começam a revelar os seus avanços e intenções de entrarem no mercado do 3D. A HP, por exemplo, já o fez em 2016 e existem rumores de que a Xerox e a Canon estão a caminho. Paralelamente a todo este universo corporativo, com a queda progressiva das patentes que protegiam o uso de determinadas técnicas de impressão, o verdadeiro boom iniciou-se pelas mãos do movimento, comummente chamado maker. A informação tornou-se pública, de acesso mais fácil, as pessoas gostavam de partilhar e desenvolver sobre o que já existia e, numa primeira fase, resumia-se a isto. Contudo, rapidamente passamos para o ponto onde nos encontramos hoje: onde inúmeras empresas monetizam essa oportunidade de poder utilizar a informação disponível e constroem e vendem Impressoras 3D. Sendo este tema da Impressão 3D tão inovador e disruptivo, rodeia-se de

inúmeros paradigmas, e para um melhor entendimento convém definir certos pressupostos. Existem dois lados do mercado: o da impressora de secretária (Desktop/Pessoal), e o da impressora industrial. As impressoras do segmento Desktop vendem-se entre €150 e €5000, dependendo da qualidade que apresentam, ou não. Foram vendidas cerca de 263 mil destas impressoras no ano de 2016. Estas são cada vez mais comuns e fáceis de encontrar, e o mercado está absolutamente inundado de cópias e clones de determinados modelos “base”; a Impressão 3D vai-se tornando cada vez mais um fenómeno entre o público em geral e os preços deste tipo de impressoras só tende a baixar uma vez que são fabricadas em massa. Com as impressoras do segmento industrial surge outra situação particular, pois temos as de primeira geração (que começavam aproximadamente nos €100 000 e podiam alcançar os €750 000), – onde tínhamos dois ou três fabricantes – e temos as mais atuais, de segunda geração, onde começam a aparecer, também, cada vez mais fabricantes – e assim nasce um novo segmento, o Profissional. Este aparecimento veio criar concorrência às primeiras, o que levou à descida de preços e obrigou a ligeiros reajustes de posicionamento no mercado. Esta abordagem de primeira e segunda geração também é válida para prestadores de serviço de Impressão 3D, porém há que prestar atenção ao tipo de Impressoras 3D que possuem. O cenário que aqui se retrata é que existe um grande fosso entre os segmentos Desktop e Industrial; e o segmento Profissional começa a preencher esse fosso. Aqui começa-se a demonstrar, em parte, a morfologia – altamente mutante – do mercado da Impressão 3D. Não é um mercado tradicional onde se criam produtos que esperamos produzir durante 5 anos e só criaremos uma nova versão então. Para o bem e para o mal não é um mercado onde seja difícil a concorrência entrar. É um mercado altamente dinâ-


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