construção de um parque eólico

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dossier sobre o futuro da eólica

construção de um parque eólico

Nos últimos anos, a construção de parques eólicos, a nível mundial, continua a desafiar a engenharia moderna de forma constante, devido ao aumento da potência dos aerogeradores, dimensões e peso. O desenvolvimento e construção de parques eólicos em novos países e em localizações mais remotas, provoca também vários desafios às empresas deste ramo. Paulo Cordeiro Mecwind Alternative Energys

Na construção de um parque eólico poderemos dividir a sua realização em 3 especialidades: Construção Civil/Infraestruturas, BOP (Parte Elétrica) e logística da Instalação e montagem dos aerogeradores. Todas estas especialidades trabalham em conjunto ao longo do projeto, e embora por vezes sejam executadas por empresas diferentes, todas costumam ter um nível de interação que permite, ao longo da fase de projeto e execução do mesmo, pequenas correções que irão permitir que o projeto decorra da melhor maneira para o cliente. Construção civil / Infraestruturas Logo no início da obra entram em ação as equipas de construção civil, que são responsáveis pelo projeto, construção e execução dos caminhos internos, entre cada plataforma dos aerogeradores, bem como pela estrada de acesso ao parque eólico. A construção da fundação para suporte do aerogerador, a plataforma de gruas que irá ser utilizada para o armazenamento de alguns componentes e a estabilização das gruas durante o período de montagem, assim como para intervenções futuras, durante a operação e manutenção do parque eólico, também são construídas neste ponto da obra. À construção civil apresentam-se normalmente grandes desafios neste tipo de projetos, pois tem de garantir acessos com inclinações transversais e longitudinais dentro das normas permitidas (inclinações transversais não devem exceder mais do que 5% e as inclinações longitudinais não devem ser superiores a 11%), pois o transporte dos componentes, assim como

os equipamentos de elevação, têm que ser capazes de se movimentar nas estradas construídas. Outro dos aspetos a ter em atenção no projeto e construção destas estradas são os raios de curvatura, pois existem componentes muito compridos (como as pás, que chegam a atingir os 70 metros de comprimento) e cujo transporte implica que necessitem de utilizar estes caminhos construídos até à plataforma. A constituição do solo, a sua resistência e outros fatores determinam o design das fundações. Por vezes é necessário recorrer a métodos de estacaria ou a fundações maiores. É necessário ter em conta que, por vezes, também é necessário construir fundações para os estabilizadores dos equipamentos de elevação. Devido à quantidade de betão utilizado nesta fase do projeto, aliado ao facto destes mesmos projetos se situarem, por vezes, em lugares remotos, é prática comum mobilizar uma central de betonagem para os arredores ou mesmo dentro da área de construção do parque eólico. Toda a mistura do betão é controlada de forma criteriosa. Aspetos como o tempo de transporte do betão desde a central até à fundação, viscosidade e mistura, a e rapidez na secagem do betão devem ser tidos em conta. As amostras aleatórias são recolhidas para provetas de ensaios. Estes ensaios são feitos em períodos distintos, como por exemplo 7 dias, 14 dias, 28 dias e 46 dias. Por norma, aos 14 dias o betão já deverá ter alcançado a dureza máxima esperada. Contudo, mesmo com todos os ensaios a serem positivos só é permitido montar componentes depois de 28 dias e após o aterramento estar devidamente acabado e com os ensaios feitos. Para se poder iniciar a descarga dos componentes e montagem de gruas, é essencial que a plataforma seja executada e testada para garantir os níveis de compactação. Dependendo do componente e da área de apoio ao solo dos suportes dos componentes, os requisitos são diferentes. A pressão exercida ao solo, por vezes, pode chegar a 300 toneladas pois, por norma, para as gruas é requerida uma capacidade de 1,5 kg por cm2. Apenas após terem sido realizados alguns ensaios às amostras do cimento e estas apresentarem os valores requeridos e exigidos pelo design da fundação, a mesma fica aprovada para a execução da montagem de componentes. BOP Nesta especialidade, normalmente designada como BOP (Balance of Plant) é onde se engloba a parte elétrica, ou seja, a construção da subestação elétrica do parque eólico, as ligações de distribuição da energia a cada aerogerador e a sua consequente distribuição, até à rede de distribuição nacional. Sendo responsáveis pelas infraestruturas e distribuição elétrica, a subestação é desenhada para criar o menor impacto ambiental e visual possível. Por vezes também é desenhada para acolher os técnicos de manutenção e servir de armazém para consumíveis, ferramentas e alguns dos acessórios e 27


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