A democratização da manufatura em Portugal

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oferecendo um nível de qualidade muito elevado em alguns dos processos de impressão usados. Esta qualidade chegará rapidamente aos dispositivos de impressão domésticos, assim como a variedade de materiais. Numa lógica de cenários futuristas, há mesmo o conceito de alimentar impressoras 3D com elementos químicos (Carbono, entre outros), e imprimir virtualmente qualquer peça em qualquer tipo de material (incluindo orgânico).

A IMPRESSÃO 3D EM CASA

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Jorge Rui M. Fontes Silva1 e Ricardo Simões2 Engenharia Mecânica e Design de Produto – Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, Barcelos jrsilva@ipca.pt 2 Engenharia de Polímeros e Engenharia de Produto – Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, Barcelos rsimoes@ipca.pt

Atualmente a impressão 3D promete a produção de peças unitárias e potencialmente customizadas. O aumento da velocidade e qualidade do produto obtido por impressão 3D poderá levar a uma democratização da manufatura, mas até que ponto é que isso efetivamente se está a tornar realidade quer para as empresas quer para um utilizador doméstico?

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A democratização da manufatura em Portugal

OS LOTES DE 1 UNIDADE Independentemente da complexidade da peça pretendida, a impressora 3D consegue produzir. Até há bem pouco tempo peças muito complexas só podiam ser produzidas em grandes quantidades para justificar o investimento realizado em máquinas e ferramentas, chegando assim às grandes massas; em alternativa e se possível podia ser produzida por processos artesanais ficando ao alcance de muito poucos. A impressão 3D vem juntar estas duas vertentes da produção, permitindo que um produto complexo e altamente customizável possa chegar a um grande número de pessoas e com quantidades unitárias. O resultado desta alteração pode ser avassalador. O ambiente será um dos que sairá a ganhar com a eliminação do desperdício; várias etapas do processo produtivo tradicional desaparecem (como descreveremos abaixo). O consumidor ganha, porque

poderá ter exatamente aquilo que quer, e até a própria embalagem deixa de fazer sentido. Não se pense que a impressão 3D está limitada a componentes de reduzida dimensão, mal-acabados e em plástico. Com as impressoras industriais é possível produzir mecanismos funcionais à saída da impressora e vários tipos de materiais. Como exemplo referenciamos a i.materialise.com, uma empresa de serviço de impressão online que tem um vasto leque de materiais disponíveis,

"Numa lógica de cenários futuristas, há mesmo o conceito de alimentar impressoras 3D com elementos químicos (Carbono, entre outros), e imprimir virtualmente qualquer peça em qualquer tipo de material (incluindo orgânico)."

Desaparecimento de várias etapas nos processos produtivos A queda de alguns processos produtivos será inevitável em alguns sectores de atividade. Vejamos um processo tipicamente usado na produção de um produto: 1) Ideia; 2) Desenho/modelação 3D; 3) Protótipo(s) de validação; 4) Manufatura de peças finais; 5) Montagem; 6) Distribuição; 7) Armazenamento; 8) Canal de venda; 9) Comprador. No decorrer deste processo, entre a manufatura e o utilizador final, existe o transporte da mercadoria de um local para outro, por este motivo parece correto contar isso como uma 10.ª etapa. O processo de produção para um produto desenvolvido para impressão 3D: 1) Ideia; 2) Desenho/modelação 3D; 3) Prototipagem pelo utilizador final (comprador), com eventual customização. Esta redução poderá não ser tão linear devido ao número de variáveis envolvidas em determinados processos produtivos, mas certamente existe uma mudança paradigmática com a impressão 3D, e


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