Avarias em rolamentos de turbinas eólicas

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Avarias em rolamentos de turbinas eólicas

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(partículas de desgaste ou outras), assim como, lubrifica e preenche vedantes tipo labirinto. Quando o lubrificante falha numa destas funções, inicia-se um processo de avaria, que num estado avançado resulta em danos críticos

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Beatriz Graça1, Ramiro Martins2 e Jorge Seabra3 1,2 INEGI – Instituto Engenharia Mecânica e Gestão Industrial, Porto, Portugal 3 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, Portugal

coluna de tribologia

que levam a reparações e tempos de inatividade dispendiosos para um parque eólico. Existem inúmeras causas para a falha de um lubrificante, incluindo: •

quantidade de lubrificante (excesso ou défice);

viscosidade inadequada;

aditivação inadequada;

degradação do lubrificante devido a serviço prolongado;

temperaturas excessivas;

• contaminação; •

uso de massa quando as condições exigem o uso de um óleo;

INTRODUÇÃO

lubrificante incorreto para a aplicação específica.

Dados estatísticos mostram que os maiores tempos de paragem por problemas em turbinas eólicas estão relacio-

Quando o desgaste excessivo nos elementos rolantes,

nados com avarias nos rolamentos. Análises recentes reali-

anéis e gaiolas ocorre, resulta um sobreaquecimento e sub-

zadas pelo National Renewable Energy Laboratory (NREL),

sequente falha catastrófica. Além disso, se um rolamento

nos Estados Unidos, chegam á conclusão que a maior par-

estiver sujeito a uma lubrificação insuficiente ou se o lubri-

te (76%) das avarias de caixas multiplicadoras têm início

ficante tiver perdido suas propriedades lubrificantes, não

nos rolamentos [1]. Desta forma, os rolamentos assumem-

será possível gerar uma película de óleo com capacidade

-se como componentes críticos e vitais no funcionamento

de carga suficiente. O resultado é o contacto metal-metal

de uma turbina eólica.

entre elementos rolantes e pistas de rolamento, levando a

O seu funcionamento contínuo e em condições de carga

danos na superfície. Cinco dos modos de danos superficiais

severas e muito variáveis fazem com que frequentemente

mais frequentes em rolamentos de turbinas eólicas estão

operem com uma lubrificação intermitente. Todas as for-

resumidos nos parágrafos seguintes.

ças geradas pelo vento influenciam diretamente a operação dos rolamentos. Elevadas forças dinâmicas com picos

1.1. Corrosão por contacto e falso “Brinelling”

extremos e cargas mínimas, mudanças bruscas de carga e

Como referenciado por alguns autores [3], a corrosão por

elevadas variações de temperatura, impõem importantes

contacto (fretting) é um problema comum em sistemas de

solicitações ao lubrificante no interior de um rolamento. Os

coroa quando os rolamentos e engrenagens não rodam e

efeitos causados nas pistas dos rolamentos em resultado

ficam sujeitos a vibrações transmitidas pela estrutura em

de uma exposição prolongada a vibrações, assim como, o

resultado de cargas de vento e/ou pequenos movimentos

risco de passagem de corrente elétrica através deles, repre-

do sistema de controlo, denominado “dither“. Nestas con-

sentam um outro grande desafio no estudo tribológico de

dições, o lubrificante é espremido entre os contactos e o

rolamentos, para a resolução destes incidentes.

movimento relativo das superfícies é demasiado pequeno para o lubrificante entrar novamente no contacto. As películas de óxidos que normalmente protegem as superfícies

1. DESGASTE DE ROLAMENTOS

de aço são removidas, permitindo o contacto metal-metal

Sabe-se que pelo menos 60% das avarias prematuras em

e causando adesão nas rugosidades superficiais. A corro-

rolamentos ocorrem na sequência de uma lubrificação

são por contacto começa com um período de incubação

inadequada [2]. Assim, atribui-se ao lubrificante uma fun-

durante o qual o mecanismo de desgaste é uma suave ade-

ção vital no desempenho e vida útil dos rolamentos. Um

são e as partículas geradas são essencialmente magnetite

lubrificante corretamente selecionado para responder a

(Fe3O4). Designa-se por falso brinelling, o dano superficial

condições de operação específicas, formará uma película

que ocorre durante este período de incubação. Se as partí-

separando as superfícies que estão em carga e sujeitas a

culas de desgaste se acumulam em quantidades suficientes

atrito, protegendo-as contra o desgaste. Além disso, o lu-

para impedir que o lubrificante chegue ao contacto, então

brificante atua também como dissipador de calor, retira e

o mecanismo de desgaste passa a uma adesão severa que

transporta do contacto todas as partículas contaminantes

rompe a camada de óxidos naturais, formando-se adesão


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