robótica
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ESPAÇO EMPREENDER E INOVAR
Inovar para haver futuro nas empresas!
Paulo Simões Júlio
Foi investigador da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica durante dois anos e trabalhou na Marcopolo de 1996 a 2005, tendo, entre 2003 e 2005, assumido a Direção Geral desta empresa conhecida por exportar mais de 70% da produção de carroçarias de autocarros. Foi Presidente da Câmara Municipal de Penela entre 2005 e 2011 e Secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa, entre 2011 e 2013; e assumiu ainda o cargo de Diretor da Agência de Desenvolvimento das Aldeias de Xisto e da Associação de Desenvolvimento Local Terras de Sicó, Fundador e Presidente da Direção da Agência para o Desenvolvimento dos Castelos e Muralhas Medievais do Mondego e Coordenador do Programa de Desnvolvimento Intermunicipal Provere Villa Sicó (Terras de Sicó). Desde 2013 desempenha as funções de Diretor-Geral da Frijobel, uma PME portuguesa do setor de congelados com indústria de transformação e comercialização.
O modelo de desenvolvimento económico em Portugal ainda assenta num quadro de produção com salários mais baixos do que a média europeia. A médio prazo, se pensarmos nas próximas décadas, essa estrutura social e económica vai (continuar) a prejudicar o desenvolvimento do país. Por outro lado, na economia global, a competitividade dos setores industriais é crucial para o crescimento e a sobrevivência das empresas. As marcas, a educação e a inovação aplicada a processos são três fatores importantes para que o dito modelo de desenvolvimento possa evoluir. Esta temática é tão mais importante porquanto a Europa, em 30 anos, considerando os estudos e as previsões demográficas, perderá cerca de 50 milhões de pessoas. Considerando os problemas políticos relacionados com a emigração, nomeadamente as questões de segurança que têm pouco mais de 10 anos e que, hoje, são encaradas pelas sociedades de modo mais sensível, colocar-se-á uma nova pressão sobre os recursos humanos ativos dos países do Sul. Com salários mais baixos, os ativos mais qualificados continuarão a ser drenados para os países do centro da Europa, provocando problemas adicionais a países como Portugal. Assim, a valorização da inovação é uma matéria essencial que deve chegar à indústria e aos serviços com uma linguagem simples e percetível por todos os empresários, o que nem sempre acontece. Numa indústria, a única forma de competir num mercado global, para além da valorização das suas marcas, cujo investimento agregado é elevado e, muitas vezes, difícil de medir a curto prazo, é a procura constante de melhoria de processos produtivos e a permanente atenção à evolução tecnológica de máquinas e equipamentos. Os empresários que estão constantemente a fazer investimento em novos equipamentos e procuram persisten-
temente a melhoria das condições de produtividade, obviamente competirão melhor no mundo global. Por outro lado, a constante análise de processos e a sua integração em módulos de software permitirá melhorar os níveis de controlo e, por consequência, medindo melhor a correção terá ainda mais propósito. Uma indústria ou um serviço logístico deve assentar os fluxos de informação numa rede de dados, em vez de resmas de papel. Mas, ainda estamos longe desse paradigma, apesar da enorme evolução que as nossas PMEs têm almejado. Nos serviços, desde o processamento de uma encomenda, à otimização de rotas comerciais e de distribuição, passando pela gestão logística ou pelo acompanhamento de um cliente de exportação, tudo, hoje, deve ser integrado em softwares de gestão. É um mundo industrial e de serviços novo. Ou melhor, ainda por descobrir em muitas empresas portuguesas, mas é o único caminho que permitirá ter futuro. Esses indicadores de inovação não são tão claros como os económicos e financeiros, mas quem não investir nesta frente, dificilmente sobreviverá. Hoje, o setor de desenvolvimento e de inovação é tão essencial como o setor comercial ou de produção porque faz com que todos os setores da empresa adotem novos métodos mais produtivos. Termino, com um testemunho sobre os conteúdos da reunião anual com todos os quadros da empresa que serviu para analisar o ano que passou e apresentar as previsões e informações estratégicas mais importantes do ano corrente. Além do que é normal informar, um dos pontos que mais destacámos foram os trabalhos de inovação e desenvolvimento de soluções que estão a ser realizados e os novos que serão adoptados. Não adianta que o presente seja satisfatório, se não inovarmos métodos, equipamentos e processos, não estaremos cá no futuro.