Sentido da vida
robótica
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empreender e inovar
Frederico Lucas É o empreendedor responsável pelo projeto Novos Povoadores, que presta apoio a empresários que pretendam migrar com as suas famílias para território rural. Nascido em Lisboa, em 1972, é o autor dos conceitos territoriais de software territorial e economia DNS. É Territorial Developer em projetos de dinamização territorial em www.infoex.pt e é considerado como um visionário de um futuro com grandes mudanças e criação de novos paradigmas.
“As fábricas retiraram milhões de chineses dos campos, os robots estão a entrar nas fábricas e os operários não querem voltar a ser agricultores.” João Vale de Almeida, Diplomata
A robotização das fábricas tem sido observada com grande reserva por uma parte significativa da população mundial. O filme “Os tempos modernos” de Charlie Chaplin não é compreendido por todos. A história do mundo não se faz com recordistas de linhas de montagem. São tarefas banais e repetitivas, que algum equipamento terá a capacidade de executar. Complexas são as atividades que exigem cultura, sensibilidade e consciência. Valores que uma máquina não saberá interpretar, e que diferenciam cada um de nós, consequência dos nossos percursos e contextos. A robotização é um aliado do Ser Humano, porque o liberta de tarefas manuais. Conduz a Humanidade para as tarefas inteletuais, a sua vocação. Na Europa, este processo decorre há várias décadas, e os elevados níveis de desemprego espalham algum receio na sociedade. Estamos a falhar no essencial: é legítimo e natural, que a geração dos nossos filhos venha a trabalhar quatro horas por dia. E que essas horas sejam tempo de criação, em oposição a tarefas burocráticas ou repetitivas, mas sempre mal pagas. O poder de compra descerá em contraciclo com o poder da mente.
“Complexas são as atividades que exigem cultura, sensibilidade e consciência. Valores que uma máquina não saberá interpretar, e que diferenciam cada um de nós, consequência dos nossos percursos e contextos. A robotização é um aliado do Ser Humano, porque o liberta de tarefas manuais. Conduz a Humanidade para as tarefas inteletuais, sua vocação."
As fábricas que outrora poluíram rios, estarão no futuro a fazer o processo inverso: a recolher resíduos nesses rios e a produzir capas para iPhones com esses detritos, num modelo conhecido por upcycling. Esses rios regressarão à sua função: espaço de lazer para o reino animal, incluindo Seres Humanos, que deixaram de os frequentar por “falta de tempo”. Pelo exposto, sou um defensor da robotização das indústrias. Estejam os robots ao serviço da pigmentação de carroçarias ou a filtrar mensagens de spam nas nossas caixas de correio. Acredito que a Europa, antes da China, saberá trilhar este caminho, recentrando a Humanidade no Sentido da Vida.