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case-study
redução da potência contratada de uma instalação fabril alimentada em MT: caso de estudo real António Rafael Bessa1, JosÊ Eduardo Neves dos Santos2 Engenheiro EletrotÊcnico, recÊm-formado na FEUP, ee12164@fe.up.pt
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1. INTRODUĂ‡ĂƒO A realidade mostra que, nĂŁo raras vezes, a potĂŞncia instalada em instalaçþes alimentadas em MĂŠdia TensĂŁo (MT) ĂŠ superior Ă realmente necessĂĄria. Isto traduz-se num encargo desnecessĂĄrio, relativo ao termo da potĂŞncia contratada da fatura de eletricidade. $TXHOD UHDOLGDGH SRGH WHU RULJHP QRV VHJXLQWHV IDWRUHV VREUHGLmensionamento da instalação em fase de projeto; substituição dos HTXLSDPHQWRV HOÂŤWULFRV SRU RXWURV PDLV HͤFLHQWHV LPSOHPHQWDмR GH PHGLGDV GH HͤFLÂŹQFLD HQHUJÂŤWLFD UHGXмR GD DWLYLGDGH LQGXVWULDO Recorde-se que, segundo o Artigo 247Âş – ponto 4, do RRC (Regulamento de Relaçþes Comerciais do Setor ElĂŠtrico) [1], nas instalaçþes alimentadas em BTE (Baixa TensĂŁo Especial) ou tensĂŁo superior, a potĂŞncia contratada ĂŠ atualizada para o mĂĄximo valor da SRWÂŹQFLD WRPDGD RFRUULGD QRV ÂźOWLPRV PHVHV LQFOXLQGR R PÂŹV D que a fatura respeita), sendo que a potĂŞncia tomada ĂŠ o maior valor da potĂŞncia ativa mĂŠdia, registado em qualquer perĂodo ininterrupto de 15 minutos, durante todo o perĂodo de faturação. Por outro lado, no ponto 3 do mesmo artigo, ĂŠ dito que, no caso particular das instalaçþes abastecidas em MT ou tensĂŁo superior, a potĂŞncia contratada, em kW, nĂŁo pode ser inferior a metade (50%) da potĂŞncia instalada, em kVA. No presente artigo ĂŠ apresentado um estudo, desenvolvido em ambiente real (instalação industrial), visando adequar a potĂŞncia contratada aos consumos atuais da instalação fabril em anĂĄlise. O estudo consiste, essencialmente, numa avaliação sobre o custo-benefĂcio do investimento na construção de uma nova ligação em Baixa TensĂŁo (BT) versus a poupança na redução do encargo relativo Ă potĂŞncia contratada. A instalação fabril em causa ĂŠ alimentada em MT, tendo trĂŞs Postos de Transformação (PTs) privativos (PT1- 630 kVA; PT2- 500 kVA; PT3500 kVA) – dois integrados no edifĂcio fabril, em ĂĄrea apropriada, e um outro localizado na ĂĄrea exterior do edifĂcio fabril. Portanto, esta instalação tem uma potĂŞncia instalada de 1630 kVA, e um contrato de fornecimento de energia elĂŠtrica com uma potĂŞncia contratada de 815 kW.
2. CARATERIZAĂ‡ĂƒO DA SITUAĂ‡ĂƒO ATUAL EM TERMOS DA POTĂŠNCIA CONTRATADA Na Tabela 1 estĂŁo registados os valores da potĂŞncia tomada e da potĂŞncia contratada, relativos ao ano 2016, para a instalação em causa. Da anĂĄlise da tabela, constata-se que, ao longo de todo o ano de referĂŞncia (2016), o valor da potĂŞncia contratada foi bastante superior ao da potĂŞncia tomada (nalguns casos com diferenças superiores a 200 kW). A razĂŁo para esta diferença de valores reside no facto da potĂŞncia contratada nĂŁo poder ser inferior a 815 kW (50% da potĂŞncia instalada). www.oelectricista.pt o electricista 61
Professor auxiliar, DEEC, FEUP, jns@fe.up.pt
Ou seja, a potência instalada Ê superior à realmente necessåria, o que se traduz num encargo desnecessårio com o termo da potência contratada, na fatura de eletricidade. Tabela 1. Potência tomada versus potência contratada da instalação fabril.
MĂŞs
PotĂŞncia tomada (kW)
PotĂŞncia contratada (kW)
Janeiro
621
815
Fevereiro
652
815
Março
624
815
Abril
595
815
Maio
571
815
Junho
567
815
Julho
518
815
Agosto
521
815
Setembro
647
815
Outubro
641
815
Novembro
619
815
Dezembro
577
815
Com base nos valores apresentados na Tabela 1, seria possĂvel reduzir a potĂŞncia contratada em cerca de 160 kW (a diferença mĂnima entre a potĂŞncia tomada e contratada foi cerca de 163 kW, em fevereiro). Esta redução na potĂŞncia contratada, a ser feita, implicaria uma poupança anual de, aproximadamente, 2852 ₏ (ExpressĂŁo (1)). Poupança anual = 365 dias Ă— 0,048831 ₏/kW Ă— 160 kW
2852₏
[1]
Na expressão considerou-se o valor da tarifa da potência contratada igual a 0,048831 ₏/kW [2]. Infelizmente, a potência contratada só poderå ser reduzida, caso se proceda à redução da potência instalada na instalação fabril (medida pela soma das potências nominais dos transformadores instalados). $VVLP MXVWLͤFD VH SDUD HVWH FDVR D UHDOL]DмR GH XPD DQ£OLVH sobre a eventual desativação de um dos PTs da instalação. Isso permitiria reduzir a potência instalada, com a consequente redução da potência contratada. No caso em apreço foi selecionado o PT3, como candidato à desativação, tendo em conta a sua localização favoråvel e a sua potência.
3. DESATIVAĂ‡ĂƒO DE POSTO DE TRANSFORMAĂ‡ĂƒO: ESTUDO TÉCNICO-ECONĂ“MICO Na Figura 1 apresenta-se o esquema elĂŠtrico (primeiro nĂvel) da instalação elĂŠtrica em causa.