as microrredes de Thomas Edison: “A Batalha das Correntes” e o futuro da energia elétrica

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vozes de mercado

as microrredes de Thomas Edison: “A Batalha das Correntes” e o futuro da energia elétrica

Carlos Duarte Engineering Offices Manager & EcoStruxure Deployment Schneider Electric Portugal

% VIGIRXI ETVSZEpnS HS VIKMQI NYVuHMGS ETPMGjZIP ES EYXSGSRWYQS HI IRIVKME VIRSZjZIP GSQ S (IGVIXS 0IM R HI HI SYXYFVS XVSY\I QI k QIQzVME S ½PQI “A Batalha das Correntes” que se baseia em factos VIEMW I UYI HVEQEXM^E E MRGVuZIP LMWXzVME HE HMWTYXE T FPMGE IRXVI 8LSQEW )HMWSR I +ISVKI ;IWXMRKLSYWI TIPS HSQuRMS HE IPIXVMGMHEHI 9QE LMWXzVME UYI ZIMS HIXIVQMREV S QYRHS XEP GSQS LSNI S GSRLIGIQSW Ao ouvirmos o termo microrredes, somos levados a pensar num sistema elétrico futurista alimentado por painéis solares. No entanto, as microrredes existem desde os dias de Thomas Edison e Nikola Tesla e não foram apenas os seus nomes que permaneceram connosco nos últimos 130 anos. Os seus legados ainda hoje permanecem nas empresas com as quais comercializamos eletricidade. 3 KYMnS HS ½PQI ±A Batalha das Correntes”, no original “The Current War”, trata da disputa ocorrida nas duas PXMQEW HqGEHEW HS WqGYPS <-< QEW E XIGRSPSKME HI )HMson e Tesla ainda hoje permanece connosco. Os seus projetos para a distribuição de energia elétrica provam quão desatualizada a nossa conceção de rede elétrica se veio a tornar e leva-nos a pensar como deveremos ir mais além, com um modelo baseado em tecnologias digitais integrando microrredes que têm como fonte a energia renovável.

Uma rede tão antiga que até Edison a reconheceria “A Batalha das Correntes” aborda a rivalidade entre Thomas Edison, um defensor do uso da corrente contínua, e George Westinghouse, que comprou algumas das patentes de Tesla e se tornou num grande investidor na energia elétrica em corrente alternada. A competição iria fazer as suas primeiras vítimas, um elefante supostamente indisciplinado, um punhado de cães e um prisioneiro seriam eletrocutados! [1] 2nS UYIVS IWXVEKEV ZSW S ½PQI HM^IRHS UYIQ KERLSY esta batalha, mas abordo este tema porque as suas implicações persistem até aos dias de hoje. De facto, Edison reconheceria facilmente a rede de hoje; comparemos com as telecomunicações, outra tecnologia importante desenZSPZMHE RS ½REP HI I UYI q XnS HMJIVIRXI RS QYRHS digital de hoje. A rede elétrica em corrente alternada teve o seu desenvolvimento com base no modelo preconizado por Westinghouse, na produção centralizada e em longas linhas de transmissão. Apesar deste modelo centralizado apresentar benefíGMSW IQ I½GMsRGME XEQFqQ XIQ SW WIYW MRGSRZIRMIRXIW basta pensarmos nas linhas aéreas de Média Tensão que EXVEZIWWEQ PEVKEW JEM\EW HI ¾SVIWXEW I UYI TSXIRGMEQ S risco de incêndio, par ticularmente durante condições atmosféricas secas e de muito vento. 10

O modelo descentralizado de Edison que faz coincidir, localmente, a produção com o consumo, minimiza a I\XIRWnS HEW PMRLEW HI XVERWQMWWnS I GSR½RE EW MRXIVVYTções de energia. Este é um modelo que faz ainda mais sentido agora que temos a tecnologia para digitalizar, descarbonizar e descentralizar o nosso sistema elétrico. De facto, vivemos um momento crucial na evolução tecnológica do sistema elétrico. Nunca antes na história tivemos atores tão capacitados para o operar de forma tão apropriada e em tempo real. Esta oportunidade tecnológica permite-nos transformar radicalmente o modo como fazemos a produção, a transmissão e o consumo da energia elétrica. A solução chave para esta transformação: microrredes.

Microrredes: uma megatendência na transição energética A gestão da rede elétrica em boas condições tornou-se mais difícil. “Apagões” generalizados têm deixado milhões de pessoas sem energia, por longas horas e um pouco por todo o lado. Ironicamente, ainda este verão, duas grandes interrupções em Nova Iorque deixaram a rede elétrica fora de serviço, lançando o caos na cidade onde a era da eletricidade começou. As alterações climáticas e o envelhecimento da infraesXVYXYVE IPqXVMGE GEYWEQ EMRHE QEMW TVIWWnS RE VIHI ½GERHS cada vez mais difícil de a manter em serviço. Consideremos a primeira central elétrica de Edison, construída em 1882. A Estação Pearl Street era essencialmente uma microrrede na sua versão inicial, fornecendo eletricidade por meio de geração a vapor a 0,65 km na área comercial de Manhattan. [2] É impor tante notar que não queremos construir as microrredes que Edison reconheceria. Existem diferentes tipos de microrredes: as que funcionam com combustíveis fósseis e aquelas que funcionam com energia solar, eólica e outras fontes renováveis. Existem microrredes simples que envolvem pouco mais do que um gerador e alguns equipamentos elétricos, e aquelas que utilizam soluções HMKMXEMW EZERpEHEW TEVE KIVEV MRXIPMKsRGME I ¾Y\SW HI IRIVgia bidirecionais.

Os benefícios das microrredes: porque precisamos delas? As microrredes simples baseadas em geradores a diesel existem há décadas. Se quisermos enfrentar as mudanças climáticas e o envelhecimento da infraestrutura elétrica, necessitamos de um novo modelo: microrredes digitalizadas e com energia renovável. É esta nova abordagem que mais surpreenderia Edison. Os geradores a diesel podem ter custos operacionais mais elevados durante as longas interrupções, e as emissões


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