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reportagem
IV CONGRESSO DO CENTRO PORTUGUÊS DE ILUMINAÇÃO
“não bastam normas... é preciso olhar para saber ver” Texto e fotos por Carlos Alberto Costa
O cenário austero e magnífico, o Homem no centro da discussão, as ideias projetadas para o futuro. Uma simbiose perfeita para o IV Congresso do Centro Português de Iluminação, este ano dedicado ao tema “A luz ao serviço do Homem”. “É preciso olhar para saber ver”. O sábio conselho de Vitor Vajão no discurso inaugural do IV Congresso do Centro Português de Iluminação (CPI), que durante dois dias, 2 e 3 de fevereiro, reuniu no majestoso Palácio Nacional de Mafra mais de duas centenas de participantes, recentra o foco no equilíbrio necessário entre normas e sentidos, entre os códigos legislativos e técnicos e a sensibilidade para encontrar a solução lumínica que melhor sirva os utilizadores. O Presidente do CPI falava no início dos trabalhos do primeiro dia do evento, fazendo uma breve reflexão acerca dos projetos luminotécnicos e da correspondente criação de ambiências, salientando precisamente a importância de saber ver a luz para além das necessárias normas legislativas e técnicas que regulam qualquer atividade.
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Para reflexão dos presentes, Vitor Vajão questionou se “os robots e o cálculo computacional cumprindo os algoritmos irão futuramente ocupar o lugar do projetista, uma vez que seguir normas e regulamentos não é suficiente”. Para o engenheiro pouco entusiasta do ‘Human Centric Lighting’ (ver entrevista) como “moda”, o sentido da luz é “imensurável e exige muita sensibilidade por parte dos projetistas.” Momentos antes, no discurso de abertura oficial do evento, o Presidente da Câmara Municipal de Mafra, Hélder Sousa, salientara os esforços municipais em promover projetos de eficiência energética, sendo a autarquia pioneira na implementação do projeto europeu MOEEBIUS. Fernando Ibáñez, Presidente do Comité Español de Iluminación – CEI, associação espanhola homóloga ao CPI, um dos convidados especiais do evento que também discursou na sessão inaugural, avisou que “os 80% de poupança energética em regra prometida pelos LEDs não são suficientes para um projeto luminotécnico.” “A poupança energética deve ser consequência de um projeto luminotécnico bem estruturado e não um objetivo numérico em si”, defendeu o orador, demonstrando
disponibilidade para ajudar a sua homóloga portuguesa na promoção das boas práticas da iluminação.
É APENAS ILUMINAÇÃO… Do programa do primeiro dia do congresso constavam quatro painéis temáticos. De manhã, entre outros temas, falou-se do DREEIP (Documento de Referência para a Eficiência Energética da Iluminação Pública), de controlo de iluminação biologicamente eficaz e do estado da arte. Da parte da tarde falou-se de desafios de iluminação na indústria, dos rumos do ‘lighting design’ e de iluminação adaptativa. Numa comunicação sobre os desafios da iluminação na indústria, Nuno Lourenço, arquiteto de sistemas, dissertou sobre desenvolvimentos que a tecnologia LED potenciou na indústria, considerando embora que o modelo de negócio tenha permanecido relativamente imutável. “As alterações e as mudanças que ocorreram ao longo da cadeia de valor é que permitem novos modelos e esses é que vão afetar a vida dos fabricantes de luminárias e a indústria de iluminação em geral. Se no mundo pré-LED podíamos falar mais na componente