a integração de energias renováveis nos edifícios já existentes

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dossier sobre automação e gestão técnica de edifícios

a integração de energias renováveis nos edifícios já existentes

João Silva

Formador Vulcano, Engenheiro Mecânico Pós-graduado em Energias Renováveis em Edifícios

Quando se pensa na integração de energias renováveis, por norma, associa-se sempre a novos projetos e novas construções. Contudo, é importante frisar que o edificado existente também pode beneficiar dos novos avanços tecnológicos, bem como de todo o conhecimento acumulado pelos técnicos que procedem à sua instalação. No caso de um edifício novo é simples planear e implementar medidas de construção bioclimática que minimizem as suas necessidades energéticas, sem grandes custos acrescidos de construção, além de projetar, à partida, equipamentos eficientes e que utilizem energias renováveis, tornando-os Near Zero Energy Buildings (NZEB). Num edifício já construído existem, geralmente, vários constrangimentos físicos, arquitetónicos e legais, que podem ser difíceis ou mesmo impossíveis de ultrapassar. Não é possível, por exemplo, alterar a orientação do edifício de forma a obter um maior aproveitamento da radiação solar ou da climatização passiva, sendo que nem sempre seja viável modificar o exterior de um edifício para melhorar o seu desempenho energético. Existe, então, alguma forma viável de reduzir a fatura energética, o impacte ambiental, os custos de exploração e modificação de edifícios residenciais, industriais e de serviços já existentes? Sim, passemos a essas soluções.

OPÇÕES RENOVÁVEIS As opções que recorrem às energias renováveis são ideias para o alcance de uma maior economia energética, quer seja para a solução e/ ou atenuação dos inúmeros problemas acima mencionados. O termo “Energias Renováveis”, neste contexto, costuma associar-se à tecnologia de solar térmico para o aquecimento de águas sanitárias (AGS). Infelizmente, esta associação revela-se algo redutora, pois além dos tradicionais sistemas solares térmicos, fotovoltaicos e legislação classificada, também as bombas de calor e os equipamentos de conversão de biomassa fazem o uso de fontes renováveis de energia. Tendo em conta que, em Portugal, a tradição de aquecimento ambiente não está muito enraizada, a grande fatia do consumo de energia no segmento residencial vai para o aquecimento de águas e fins sanitários. É aqui que o sistema solar térmico ou as bombas de calor para AQS se podem revelar um investimento inteligente. Na construção de edifícios novos de raiz, uma das maiores dificuldades é o dimensionamento do equipamento sem se conhecer o perfil de consumo, correndo o risco de subdimensionar o sistema, exigindo mais do equipamento de apoio, ou até de sobredimensionar, podendo ter longos períodos de estagnação, o que acabará por reduzir a vida útil do sistema. www.oelectricista.pt o electricista 66

Nos moldes já existentes, os perfis de consumo e custos energéticos são conhecidos. Consequentemente é permitido o correto dimensionamento, adequando o sistema às necessidades reais, para melhorar a rentabilidade do investimento.

BOMBAS DE CALOR PARA AQS Em apartamentos, obter aprovação e aceitação da utilização dos telhados pode revelar-se um processo demorado, complicado ou mesmo impossível. No entanto, não significa que o condómino não possa usufruir de formas mais eficientes para o aquecimento de águas quentes. As bombas de calor para a produção de águas quentes sanitárias são uma boa solução nesse sentido, pois não necessitam de licenciamento para a sua instalação, agilizando vários processos. Adicionalmente, poupam os telhados dos edifícios, visto estarem concebidas para serem instaladas no interior de uma habitação. O calor que é transferido para a água é retirado do ar através de um circuito frigorífico, embora possa funcionar retirando calor ao ar do local onde a bomba se encontra instalada, sendo que o ar à saída é frio e deve ser encaminhado para o exterior, caso contrário irá arrefecer o espaço em que se encontra. As bombas de calor AQS podem ser utilizadas de forma autónoma ou conjugadas com um coletor solar térmico e ainda com painéis fotovoltaicos. Se for ligada com um coletor solar térmico, substitui o acumulador do sistema solar. A gestão efetuada pelo kit de ligação faz com que a bomba de calor se desligue sempre que detete a chegada de água quente proveniente da instalação. Esta gestão permite que seja garantida uma boa prioridade ao sol, sem prejudicar o conforto dos utilizadores. A bomba de calor apenas produz água quente quando o inversor indicar que existe produção de eletricidade, no caso de estar ligada a um sistema fotovoltaico de autoconsumo. Consumir toda a eletricidade produzida, sem necessidade de entregar alguma produção à rede


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