“há já algum tempo que a Omron trabalha na investigação de robots móveis autónomos”
por André Mendes
robótica
106
entrevista
Apesar de os robots estacionários estarem consolidados e serem uma parte importante para muitas fábricas e locais de produção, as plataformas e manipuladores móveis serão uma peça importante nas fábricas do futuro. Bruno Adam, Diretor de Projetos Móveis da Omron na Europa, explica como o processo de fabrico está a evoluir e por que motivo as fábricas, incentivadas por uma maior personalização dos produtos, mudarão de modelos lineares de tapetes de transporte e veículos de condução autónoma (AVG) para tipos de robots mais inteligentes.
Revista “robótica” (rr): Neste momento, quais são as tendências mais importantes no setor? Bruno Adam (BA): Há uma clara tendência para o aumento da automatização, com o objetivo de implementar uma estratégia de Indústria 4.0. A maioria dos fabricantes deseja aumentar a produtividade através de uma maior monitorização de máquinas e processos. As melhorias decorrentes da automatização ajudam os fabricantes, que sofrem uma enorme pressão dos clientes, e até mesmo alguns governos a aumentar a produtividade. Outra tendência importante é a personalização de produtos. Os fabricantes viram e aprenderam com o êxito da campanha de marketing da Coca-Cola, “Share a Coke”. A campanha permitia ao cliente comprar latas de refrigerante com o seu próprio nome. Este exemplo foi seguido com êxito por outras marcas, como a
Nutella e Marmite. Fora do espaço dos bens de consumo (FMCG), os fabricantes sabem que uma maior oferta de opções para os clientes resulta em maiores vendas. Para o conseguir, têm de reformular o modo como operam. Felizmente, a automatização é a chave que lhes permite aproximarem-se desse objetivo.
rr: Quais são as diferenças entre a nova metodologia e a atual? BA: A atual filosofia de fabrico baseia-se numa linha de produção linear. Isto funciona bem quando existem encomendas para um alto volume de artigos idênticos. Quando se pretende oferecer o mesmo volume de artigos, mas uma maior variedade de opções, a linha de produção não é o modo mais eficiente de o conseguir. Alguns fabricantes visionários estão a mudar para uma abordagem baseada em células para aumentar a sua variedade
de oferta, mas esta abordagem tem os seus desafios. Os tapetes de transporte são ideais para uma linha de produção tradicional, mas não funcionam tão bem num ambiente não linear. A abordagem baseada em células conduziu efetivamente a um aumento do número de trabalhadores para transportarem os artigos parcialmente terminados entre as células utilizando carrinhos de mão, tróleis ou empilhadores. Claro que isto invalida a eficiência e as vantagens económicas que fundamentam a automatização.
rr: Como se pode superar estes desafios? BA: Os robots móveis procuram ser essa solução. A primeira fase dos robots móveis funcionava reagindo a objetos físicos. Geralmente seguiam uma linha de pintura ou ímanes e outros tipos navegavam a seguir marcas especiais nas paredes. No entanto, tinham inconvenientes semelhantes aos tapetes de transporte porque apenas eram úteis para transportar o produto entre dois pontos definidos. Se o destino muda, é necessário mudar o ambiente para que funcionem, algo que custa tempo e dinheiro. Para permitir que a fábrica baseada em células funcione de forma eficiente é necessário um robot móvel inteligente que conheça o ambiente em que opera e possa calcular o melhor percurso entre vários pontos. Até agora, um veículo assim era impossível por dois motivos: não existia a capacidade de processamento bruto disponível para processar os complexos algoritmos de Inteligência Artificial (IA) necessários para o funcionamento autónomo, ou que funcionasse com uma pequena bateria adequada ao factor de forma pretendida do robot. Além disso, a tecnologia dos sensores LIDAR ainda não estava suficientemente madura para permitir que o robot se deslocasse em segurança. Com a evolução tecnológica