lighting designer: saber ser e saber fazer

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espaço CPI

lighting designer: saber ser e saber fazer com o meio ambiente com base nos estímulos que recebemos. A luz é um desses estímulos, talvez o mais importante. A luz influencia a perceção do ambiente como um todo, bem como o modo de fazer, de ser e de se apropriar de um lugar, uma coisa, um gosto. A luz é o vetor que impulsiona a percepção, sendo o seu principal propagador. À vista disto, hoje falamos de iluminação centrada no ser humano (HCL), colocando o bem-estar e o conforto dos indivíduos no centro de cada projeto (Baronchelli, 2018). Consequentemente, o design de iluminação está intimamente ligado à percepção, uma vez que 80% das informações assimiladas pelos indivíduos é através da percepção visual. A qualidade de um espaço depende, dessa forma, de 80% da iluminação e irá definir os limites espaciais e de volume, revelando cores e contrastes. Ana Cristina Daré PhD in Design, Designer de Ambientes | Lighting Designer, Associada do CPI

INTRODUÇÃO Há uma revolução em curso. Encontra-se presente em cada espaço vivido – casa, escritório e cidade. Essa revolução diz respeito à maneira como vemos e nos relacionamos

PROFISSÃO: LIGHTING DESIGN Com as exigências cada vez maiores por parte do cliente, que a cada dia se torna mais consciente do que deseja, a antiga fórmula utilizada – arquiteto + engenheiro + empreiteiro = projeto edificado – deixa de fazer sentido, procurando-se cada vez mais os serviços especializados.

Ao programar o projeto – residencial ou comercial – há que se questionar sobre “Como será a iluminação deste projeto? Uma boa iluminação é importante para ele?”

Todo e qualquer espaço a ser projetado também deverá ser iluminado. Frigeri, 2013

A questão principal sobre o tema luz é ser um tema tecnicamente difícil e extremamente surpreendente, exigindo o domínio de diversas disciplinas que estão em contínua evolução, não sendo 100% decifrada pelo homem, mesmo estando no século XXI e tendo todos os recursos tecnológicos para desvendar este mistério. Um projeto de iluminação além da sua metodologia – programa de necessidades, adaptação das exigências arquitetónicas, consideração das atividades exercidas e materiais para fins de cálculos luminotécnicos, decisão da tecnologia e tipologia do sistema elétrico, luminárias, lâmpadas e acessórios – deve considerar o fator humano e ambiental. Quando se trata do fator humano depara-se com um obstáculo que é o facto de que cada indivíduo tem uma reação diferente à luz. Uns gostam de muita luz e outros gostam de uma luz mais ténue. Devido a isto, a iluminação torna-se subjetiva. Além do plano edificado, a iluminação também terá que levar em consideração os fatores fisiológicos e psicológicos do utilizador. Distúrbios do sono, hiperatividade, concentração e fotosensibilidade são alguns dos elementos a serem considerados no projeto, e não apenas os Lux, Watt, Kelvin, IP, IRC e Temperatura de Cor.

Figura 1. Gelataria Perfect Ice Cream. Projeto de Ana Cristina Daré.

O lighting designer deve não só interessar-se pelas ciências exatas e economia de energia, mas também deve estar completamente familiarizado com a fisiologia do olho, as peculiaridades do nosso processo de ver, e os seus efeitos psicológicos. Na maioria dos casos, ele também deve compreender a arte e a arquitetura a fim de produzir resultados agradáveis.

Fotografia de Nuno Fevereiro.

Parry Moon, 1898-1988

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