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espaço CPI
luz, paisagem e iluminação urbana: um programa possĂvel Samuel Roda Fernandes e PatrĂcia Freire
“A luz natural revela e engrandece a paisagem. A iluminação artificial permite uma encenação complementar e autoriza outras leituras. Ao metamorfosear completamente a paisagem diurna, estimula as sensaçþes e desenvolve o nosso imaginĂĄrio.â€?
A luz tem muitos segredos, as tentativas para o seu conhecimento tem muitos começos e nosos que ocorrem, não surpreende que as diferentes comunidades humanas tenham mostrado desde sempre uma enorme curiosidade em saber a origem e a natureza da luz. Primeiro colocaram-na entre as entidades sobrenaturais; mais tarde consideraram-na um produto admiråvel da Natureza. E desde as
VI a.C. atĂŠ Ă s recentes descobertas da fĂsica quântica, a natureza intrĂnseca da luz continua a ser um mistĂŠrio em pleno sĂŠculo XXI.1 A luz natural pode ser entendida como um material cĂłsmico, que nos sintoniza com o universo. Na terra, a sua fonte ĂŠ o Sol, e a sua alteridade realiza um dos principais ritmos da humanidade. Tudo o que ĂŠ revelado pela luz muda de aparĂŞncia, e a prĂłpria ideia de tempo ĂŠ Ăntima da ritmicidade luminosa natural. ! "
senhar o espaço tem orientado as grandes alteraçþes sintĂĄticas que estĂŁo na gĂŠnese das morfologias mutantes das cidades e do urbanismo. Entre os caminhos da luz e da iluminação hĂĄ um percurso conjunto e contĂnuo, no primeiro caso conta com o predomĂnio das ciĂŞncias, mesmo as que estĂŁo ao serviço da criação de novas tecnologias, que epistemologicamente as vĂŁo interrogando, no segundo, uma necessidade de operar entre o objetivo de iluminar os espaços e fazer com que estes mantenham padrĂľes de qualidade e sustentabilidade.
A nossa intenção neste artigo ĂŠ refletir acerca de alguns conceitos recentes sobre a forma de fazer cidade e sobretudo sobre a forma de como projetar com iluminação e com a obscuridade de modo a contribuir para a criação de atmosferas. Luz e escuridĂŁo possuem vĂĄrias qualidades que se estendem pelo espaço, onde se fundem a sensação, o afeto e a emoção, aliados Ă vida noturna, mas com os desejos de paz e tranquilidade.2 Esta relação entre a luz e as pessoas ĂŠ, alĂŠm de funcional, sobretudo afetiva e de grande carga cultural. Neste contexto os projetos de iluminação urbana tĂŞm de ser cada vez mais o produto de quem propĂľe soluçþes e de quem usufrui diretamente delas. NĂŁo basta aplicar as " * energĂŠtico, ĂŠ preciso sobretudo aplicĂĄ-las e discuti-las com as comunidades. Atualmente, o conceito de “ “ ĂŠ a pedra-de-toque para a apropriação das cidades. Todos temos um papel fundamental neste processo de transformação da cidade + + + " + " camente em resposta Ă s particularidades de cada bairro e seus habitantes. Este processo envolve a revisĂŁo da abordagem ao tema, que
tem de ser transdisciplinar e nĂŁo feito atravĂŠs do simples somatĂłrio dos contributos dos atores ativos da cidade. As novas formas de iluminação do espaço urbano podem gerar vibrantes atmosferas dinâmicas, que sĂŁo tambĂŠm cada vez uma forma de promover atmosferas. Atmosferas sĂŁo produtos com uma sĂŠrie de componentes: hora do dia, clima, sons, pessoas, formas arquitetĂłnicas, trânsito, incidentes, representaçþes, sensaçþes e interaçþes. Assim, as potencialidades e capacidades dos ambientes surgem de uma partilha de relaçþes e, em vez de constituĂrem uma condição durĂĄvel, fluem como uma sequĂŞncia de eventos e ! a imersĂŁo, relação, distração e atração. SĂŁo tambĂŠm geradas pela maneira como as pessoas comunicam e lhes respondem sobre efeitos atravĂŠs da partilha de movimentos, gestos, vozes e rostos.3 A necessidade de diminuir o consumo de energia, nomeadamente com eletricidade, tem-se tornado cada vez mais evidente. A 8 9 < " "= > * Estados-Membros, no sentido de promover
? ! que passam pela utilização de soluçþes economicamente mais viåveis e que, ao
2 EDENSOR, Tim (2011), â&#x20AC;&#x153;
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