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espaço CPI
efeitos e defeitos da luz na saúde Vítor Vajão Eng.º Conselheiro Electrotécnico Coordenador da Especialização de Luminotecnia da Ordem dos Engenheiros
A evolução tecnológica das fontes de luz e dos sistemas de iluminação tem sido galopante, como é sentido com o contínuo desenvolvimento dos LEDs em prol da eficiência e durabilidade.
receptores de não-formação de imagens, a essência do ver e sentir. A luz tem efeitos na fisiologia humana e no bem-estar, como é conhecido há muitos anos: a novidade é saber-se como esses efeitos aparecem. Passou-se da ciência neurológica à neurobiologia, como cita António Damásio no seu livro “A Estranha Ordem das Coisas”.
LUZ E SAÚDE Como frisa Peter Boyce em Human Factors in Lighting, a exposição à luz pode ter um impacto positivo ou negativo na saúde humana, efeitos que podem ser de imediato evidentes ou somente após muitos anos. As pessoas passam muitas horas da sua vida sob a influência de radiações electromagnéticas, sejam de UV (ultravioleta) ou de IV (infravermelhos), que podem afectar a saúde humana apenas com radiação, independentemente de estimularem o sistema visual e o de não-formação de imagens. O efeito da luz na saúde pelo advir de: Todos quantos lidam com a luz, sentem os efeitos desta evolução. Infelizmente é muitas vezes ignorado que o principal objectivo do desenho de luz é satisfazer as necessidades do ser humano para usufruição dos locais com bem-estar e até estimular a sanidade, concebendo ambiências adequadas a cada funcionalidade. Pensar-se apenas na eficiência, rentabilidade e menores custos, não pode ser o desiderato principal, como nos querem impor. Isso só acontece porque se ignoram os enormes avanços da ciência luminotécnica, no conhecimento dos efeitos da luz nos seres humanos. Esta evolução do saber tem sido muito mais significativa do que a que ocorre com as fontes de luz, sendo de tal forma significativa que põe em questão as correntes práticas de projecto. A actual concepção apoia-se nos mais recentes conhecimentos da fisiologia neurológica. O saber como reage o sistema nervoso aos efeitos da luz, através de duas componentes do sistema visual quase independentes: o de formação de imagens e os Texto escrito de acordo com a antiga ortografia. www.oelectricista.pt o electricista 63
1.º – A luz como radiação Aqui se incluem as de UV, IV e de luz visível, porque várias fontes produzem os três tipos. Em quantidades suficientes a exposição à luz pode causar danos nos olhos e na pele, através de meios térmicos e fotoquímicos. A radiação UV pode originar inflamação da córnea da vista e queimaduras de pele. Se a exposição for prolongada pode conduzir a cataratas e envelhecimento, ou mesmo cancro de pele. A radiação visível pode afectar a retina e, juntamente com os IV, pode ocorrer um dano térmico na retina, cataratas e queimaduras de pele, se a exposição for muito prolongada. Há que ter em conta os limites para uma exposição segura e ter cuidado com fontes de luz potencialmente perigosas (não esquecendo que a mais perigosa de todas é… a luz solar).
2.º – A luz actuando através do sistema visual A função do sistema visual é ajudar-nos a formar uma percepção do ambiente que nos rodeia. A maneira como vemos pode afectar
como entendemos o ambiente e a afectação da nossa saúde. Entre os muitos outros efeitos produzidos podemos citar a:
Tensão ocular A luz é necessária para o sistema visual actuar mas, se mal usada, pode prejudicar a saúde. A tensão ocular é o resultado de uma prolongada experiência sob condições de iluminação desconfortáveis. Os sintomas são a irritação dos olhos e a perda de visão, traduzindo-se em dores de cabeça. Quem sofre de tensão ocular frequentemente, não pode gabar-se de disfrutar de boa saúde. Os sintomas de tensão ocular surgem sempre que o sistema visual enfrenta tarefas de visão difícil, em condições de sob ou sobre estimulação, distracção ou confusão perceptual. Estas condições advêm de má iluminação, de difíceis características da tarefa visual e da sua envolvente, de limitações do sistema visual individual ou da combinação destes factores. Condições de iluminação que conduzem à tensão ocular, são inadequados níveis de iluminação na tarefa visual, excessivas relações de luminância no campo de visão, brilhos, cintilações das fontes de luz, mesmo quando não visíveis, como acontece frequentemente com os LEDs. Aparentemente, o sistema visual é capaz de actividade prolongada sem tensão, em condições correctas. Mesmo quando o não são, a visão não falha, embora proteste.
Enxaqueca Todos nós sofremos de tensão ocular em situações de deficiente iluminação, mas há pessoas particularmente sensíveis a essas condições. A pressão começa no córtex visual e ocorre quando a excitação fisiológica normal envolve mais do que a área crítica do córtex, tornando-se mais acentuada quando a excitação cortical é rítmica. As condições adversas resultantes da instabilidade da emissão luminosa estão na origem das enxaquecas. Estas são descritas como a reacção neurológica vascular às alterações ambientais internas ou externas, originando dores de